… de mercados e seus respectivos empregos, ela também irá “destruir” o Código Aberto? Acredito que não! Mas tem gente que pensa “diferente”: segundo David Gewirtz (editor do portal ZDNet), a ascensão da Inteligência Artificial generativa ameaça a própria Fundação do Software de Código Aberto (FOSS). O problema central é a erosão da “proveniência” do código, a capacidade de rastrear cada linha de código até seu criador original. Grande parte do FOSS depende de licenças “copyleft” (como a GNU GPL), que por sua vez exigem atribuição e que as modificações sejam compartilhadas nos mesmos termos…
“We live in an astonishing technology-based world, fueled by and dependent on software. That software provides our networks, our security, our financial transactions, our supply chain management, and, of course, the generative AI systems that are top of mind for just about everyone. But where does that digital infrastructure come from? Nearly all of it is based on free and open source software, what the industry calls FOSS. This is code built by enormously collaborative communities, driven by coders who use the fruits of FOSS and who also actively contribute back bug fixes and improvements.”
— by ZDNet.
A IA generativa, treinada em vastos repositórios de código aberto, produz trechos de código sem qualquer atribuição à sua origem, tornando o cumprimento dessas licenças praticamente impossível e criando um perigoso “limbo legal”. Essa quebra na proveniência leva ao colapso do ciclo de reciprocidade, que é vital para o ecossistema de código aberto. O FOSS prospera porque os desenvolvedores usam o código, o melhoram, corrigem bugs e contribuem com essas mudanças de volta para o projeto original. No entanto, como a IA gera código “órfão”, os desenvolvedores que o utilizam não têm como saber a quem atribuir o crédito ou para onde enviar suas melhorias.
Gewirtz descreve isso como uma “amnésia de licença”, onde o código flutua livre de seu contrato social, impedindo que a comunidade contribua de volta. Ele também destaca uma enorme “ironia” nesta situação: a própria infraestrutura que torna a IA generativa possível foi quase inteiramente construída sobre software de Código Aberto! Desde os servidores (baseados em sistemas GNU/Linux) e serviços como Apache, até as linguagens como Python e frameworks de machine learning como TensorFlow, o FOSS permitiu a revolução da IA. As corporações que se beneficiaram dessa base, estão usando-a para treinar modelos opacos que ameaçam as estruturas legais e colaborativas, que permitiram sua existência.
Se essa tendência continuar, o “bem comum” digital do FOSS corre o risco de se tornar um recurso não renovável, sendo explorado até o esgotamento, mas nunca reabastecido. Por fim, Gewirtz conclui alertando que se a colaboração FOSS for inviabilizada pela IA, a infraestrutura cívica crítica que sustenta a sociedade moderna está em risco. A “liberdade de construir juntos” pode ser perdida, levando a um futuro onde o desenvolvimento de software é privatizado e o histórico do código é permanentemente obscurecido.
Ou então, veremos o surgimento de uma futura licença GNU GPL v4… &;-D