A Free Software Foundation e seus 35 anos de existência!

No início dos anos 80, Richard Matthew Stallman (um programador que trabalhava como voluntário no laboratório de AI do MIT) se mostrou bastante contrariado, por não ter acesso ao código-fonte dos drivers de uma impressora Xerox recém-adquirida, com o objetivo de resolver um problema técnico. À primeira vista, isto parece algo mundano; porém, não se esqueçam de que ele vivia em uma época na qual a cultura hacker de livre compartilhamento, se sentia “ameaçada” pelas novas políticas empresariais, que por sua vez impediamo o acesso ao código-fonte, para que a concorrência não pudesse usá-lo e o tornavam um software proprietário, com severas restrições…

“Today, on October 4th, the Free Software Foundation (FSF) celebrates its thirty-fifth year of fighting for software freedom. Our work will not be finished until every computer user is able to do all of their digital tasks in complete freedom — whether that’s on a desktop, laptop, or the computer in your pocket. The fight for free software continues, and we wouldn’t be here without you.” — by Free Software Foundation.

O resto da história, todos devem conhecer: o guru Stallman iniciou o desenvolvimento dos componentes para o seu futuro sistema operacional GNU (GNU is Not Unix), renunciou ao MIT (com o objetivo de evitar a apropriação do código-fonte dos softwares que ele estava desenvolvendo) e fundou a Free Software Foundation, com o objetivo de defender a liberdade de compartilhar, estudar e modificar o código-fonte do software. Para garantir todas estas liberdades, ele também criou uma licença de software copyleft, batizada de GNU GPL (General Public License), além de ter publicado o Manifesto GNU, o qual descreve as bases sociais do movimento do Software Livre.

Apesar de não ter conseguido “concluir” o projeto, pois faltava um kernel (e o Hurd ainda estava dando os seus primeiros passos), este espaço foi preenchido por Linus Torvalds ao disponibilizar o código-fonte daquilo que seria o futuro kernel Linux. E desde então, a Free Software Foundation deixou de ser uma organização focada em desenvolvimento de software, para atuar em um contexto mais político, se transformando em uma grande ativista. Stallman se tornou o símbolo do movimento, defendendo com unhas e dentes o Software Livre e lutando contra as patentes de softwares e a expansão da lei de copyright. Por isso, ele atualmente viaja pelo mundo inteiro para promover as bases do Software Livre, através de feiras, palestras e conferências nas instituições que as promovem.

Confesso que não sou fã e não concordo com muitos aspectos de sua visão. Na minha opinião, o Software Livre (não confundir com o OpenSource) pode perfeitamente conviver com o software proprietário e outras modalidades de licenciamento. No entanto, reconheço que a sua postura firme e (mesmo) agressiva, são de extrema importância para o movimento em questão. Sem ele, o Software Livre não seria o agente transformador da TI que é nos dias de hoje.

Quem sabe, um dia a Netflix faça um seriado sobre o tema? &;-D