Será que existe (mesmo) uma “nova geração” de consoles de videogames?

Há algum tempo, a Microsoft anunciou a otimização de vários jogos exclusivos para a plataforma, entregando melhorias interessantes, com destaque para o aumento de quadros por segundo (FPS Boost) e a adição de iluminação dinâmica (Ray Tracing). No entanto, diferente dos saltos de gerações anteriores, os avanços serão mais suaves e a primeira vista, até fica difícil notar as mudanças ocorridas para esta nova geração! Então, pergunto: existe (mesmo) uma nova geração de consoles? Na minha opinião, acho que não…

Antes, quando uma nova geração chegava, as diferenças em relação a qualidade e o visual eram brutais, se comparados os jogos em execução por ambos os consoles. Por isto, muitos títulos da geração anterior eram relançados como remasterizações, exigindo alguns investimentos adicionais para acrescentar as melhorias necessárias e assim, torná-los autênticos jogos de nova geração! Mesmo assim, estas melhorias se resumiam a aplicação de melhores texturas e iluminação, pois comparando-os aos jogos exclusivos da nova geração, nota-se claramente que os jogos remasterizados ainda eram da “geração passada”!

Porém, da 8a. para a 9a. geração, algumas particularidades bem interessantes apoiam este ponto de vista. Primeiro, a retrocompatibilidade nativa (sem a necessidade de emulação), já que ambas as gerações se baseavam na plataforma x86, garantindo assim a possibilidade de rodar os jogos da geração anterior sem maiores percalços. Além disso, muitos destes jogos antigos passaram a receber otimizações, para utilizar os novos recursos disponíveis na nova geração, como o FPS boost (que possibilita duplicar a quantidade de quadros por segundo) e o Ray Tracing (trazendo iluminações mais realistas). Sem muitos esforços, os jogos da geração anterior praticamente se tornam novos jogos da geração atual!

Deem uma conferida neste vídeo, comparando o Gear 5 rodando em diferentes edições do Xbox (do One tradicional ao poderoso Series X, passando pelo One X e Series S). As diferenças são tão pontuais, que praticamente fica difícil identificá-las! Para variar, o poder extra de processamento dos novos consoles é basicamente utilizado para aumentar a resolução e a quantidade de FPS, além das pequenas melhorias na iluminação. Fora estes detalhes, não há como dizer que fazem parte de gerações distintas! Na minha opinião, dada a evolução e o amadurecimento das tecnologias para o desenvolvimento de jogos, a partir de agora as diferenças entre as gerações serão mais tênues, tornando o conceito de geração algo sem muito sentido.

Vou mais além: dada as exigências dos novos consoles em utilizar Ray Tracing, gerar 60 FPS e trabalhar na resolução nominal suportada, acabará também favorecendo os consoles mais antigos, já que eles poderão fazer algumas concessões sem maiores dificuldades e assim, continuarem funcionando. Por exemplo, um Xbox One S poderia rodar o mesmo jogo que o Series S, pois não terá a obrigação de suportar o Ray Tracing (o qual consome em média +50% dos recursos do sistema), irá rodar a apenas 30 FPS (reduzindo pela metade os requisitos de hardware) e dependendo do caso, ainda poderá se valer de mecanismos como a resolução dinâmica, caso ainda tenha dificuldades de executarem estes títulos na resolução nominal suportada por eles.

A próprio Microsoft já deixou claro que a partir desta nova geração, os novos consoles deixarão de ser o centro das atenções e os jogadores irão assumir esta posição, no ecossistema de serviços e produtos oferecidos por dela. Por isso, a tendência é de que ela entregue toda uma infraestrutura, tornando possível a execução de jogos “a partir de qualquer dispositivo”, graças aos avanços proporcionados pela tecnologia atual. Eis, mais um indicativo de que as gerações de consoles que conhecemos, deixem de fazer sentido à médio e longo prazo, embora ainda sejam lançados futuros consoles de videogames.

Seja como for, vou ficar com o meu Xbox Series S por uns 10 anos… &;-D