Confesso com todas as letras que, na batalha entre as arquiteturas x86 e ARM, achava que a Intel iria se sobressair em relação a ARM, pois além da empresa ser uma gigantesca companhia na área de semicondutores, a sua arquitetura possui um ecossistema ben mais sólido e muito menos fragmentado (afinal de contas, apenas ela e a AMD (além de uma terceira empresa chinesa) detém uma licença para a fabricação de CPUs x86). No entanto, a ARM não só se mostrou mais flexível e versátil, como também se vê em uma posição estratégica bem mais confortável, graças ao seu modelo de negócios…
“Arm today (27/abr) publicly added two more CPU cores to its Neoverse family of data-center and server-grade processors: the V1 aimed at demanding workloads and vector math, and the N2 for lighter, scale-out systems. Here’s a summary of the features of these cores, which are available for licensing and placing in a suitable system-on-chip. You should catch the in-depth analysis and commentary on the V1 and N2 on our sister site The Next Platform this week.”
— by The Register.
A ARM anunciou a disposição de duas novas CPUS para a sua família de unidades para servidores & datacenter: a V1 e a N2! Enquanto que o V1 é mais voltado para altas cargas de processamento e intenso cálculos vetoriais (sendo considerado o núcleo ARM mais potente já desenvolvido), o N2 é designado para sistemas mais leves e escaláveis. Ambas as unidades são bastante semelhantes em relação aos seus atributos e recursos, como o suporte até 256 núcleos por matriz e 512 núcleos por sistema. Em relação a memória RAM, elas poderão dispor de até 512 MB de cache de sistema por matriz, além de espaço para até 40 portas de dispositivo de memória (interfaces DRAM e HBM) por matriz e até 32 portas CCIX por matriz.
No entanto, estas CPUs diferenciam-se quanto a aspectos em relação ao design de suas arquitetura: enquanto que o V1 ainda é baseado no antigo ARMv8.3 e se limita a atual versão do SVE (Scalable Vector Extension, responsável por permitir que que os núcleos do processador operem em várias matrizes de dados, útil para aplicações como inteligência artificial e supercomputação em gera), o N2 será baseado no novíssimo ARMv9 e suportará o SVE2, sendo considerado o primeiro processador da ARM nestes quesitos, embora este último seja muito semelhante ao V1 em relação ao processamento de instruções “fora-de-ordem” (branch prediction), pré-busca de dados (data prefetching) e outros componentes, além de também possuir um cache macro-ops e os mesmos controles extras de gerenciamento de energia.
Como já devem saber, a ARM não vende SoCs. Ela apenas licencia a sua IP e os projetos relacionados a ela para terceiros e por isto, ela frequentemente “lança” estas unidades, para que estes possam fabricá-los “de fato”. Dotados de boa performance, baixo consumo e tamanho pequeno (PPA), eles oferecem uma combinação única de particularidades, que os tornam ideais para o uso de dispositivos móveis e pequenos, que precisam ser potentes, ao mesmo tempo em que consomem pouca energia e de quebra, baratos de produzir. E se não bastassem os avanços tecnológicos oferecidos pela arquitetura para expandir a sua aplicação em outras áreas, ela também oferece um ecossistema bem mais inclusivo que a Intel, pois qualquer empresa pode adquirir uma licença para fabricar os seus produtos baseados nesta arquitetura.
Será que um dia, iremos montar PCs desktops baseados nesta arquitura? &;-D