Até então, considerava um belo desperdício (tanto de dinheiro, quanto de performance), a aquisição dos poderosos consoles Xbox Series X e PlayStation 5, para utilizá-los em TVs com definição limitada a Full-HD. Pelo fato dos consoles serem designados para executar jogos em definição 4K (2160p), estas TVs praticamente limitariam tudo aquilo que os consoles poderiam oferecer, já que a definição Full-HD (1080p) representa uma resolução de imagem na ordem de 4x menor! Mas pelo visto, eu estava enganado…
Na geração anterior (designada para trabalhar na definição Full-HD), a maioria dos jogos rodam em apenas 900p (especialmente o Xbox One, que possui um GPU menos poderosa que o PlayStation 4), devido as limitações do hardware. Tal como eles, o mesmo deverá acontecer em relação aos novos consoles, assim que novos jogos forem sendo lançados gradualmente. Porém, considerando o fato de que nem todos os usuários possuem TVs com definição 4K (ou não se importam muito para as diferenças entre a qualidade de imagem em relação ao Full-HD), muitos desenvolvedores estão lançando dois modos específicos para a execução dos jogos: “Qualidade”, rodando a 4K@30FPS (em alguns casos a 60 FPS) e “Performance”, rodando a 1080p@60FPS (chegando a incríveis 120 FPS)!
Em termos de potência, o modo Performance exigirá em tese apenas 50% da capacidade gráfica do console, em comparação ao modo Qualidade: se por um lado ele diminui a resolução em 4x, por outro ele requer o processamento do dobro de quadros por segundo! O problema é que muitos jogos futuros não poderão ser executados nativamente na definição 4K, valendo-se da velha técnica da resolução dinâmica para compensar as limitações dos consoles. Ainda assim, estas plataformas ainda teriam performance suficiente para rodar estes mesmos jogos em Full-HD, mesmo com a taxa de quadros duplicada! Em outros cenários, a habilitação do Ray-Tracing consome tantos recursos em 4K que o torna inviável deixá-lo ativado para esta definição, restando apenas utilizar a resolução mais baixa, porém com a tecnologia ativada.
Um belo exemplo está no jogo Dirt 5: o PS5 não possui a capacidade de rodá-lo nativamente em 4K, sendo obrigado a reduzir a resolução em até 1440p, para não abrir mão da qualidade de imagem e taxa de quadros. Embora alguns ajustes possam ser feitos para equilibrar a equação “qualidade vs performance” (como o desligamento de recursos visuais através do modo resolução), ainda assim a taxa de quadros cai em alguns momentos, afetando bastante a consistência visual. Em uma TV Full-HD (ou até mesmo QHD), não só poderemos manter a taxa de quadros em valores constantes, como também dispor de todos os recurso visuais ativados por padrão.
Outro bom exemplo está no jogo Control, em sua edição Ultimate: além de apresentar os mesmos modos voltados para a performance e a qualidade (embora com nomenclaturas diferentes), os jogos são executados com definições fixas de 1440p (com upscale para 4K, não confundir com a resolução dinâmica) e 4K, além das taxas de quadro em 30 e 60 FPS respectivamente, mantendo as mesmas definições de qualidade de imagem. No entanto, o Xbox Series S será bastante afetado em virtude da sua GPU limitada, já que somente irá dispor do modo performance, com definição a 900p (upscale para 1080p), taxa de quadros a apenas 30 FPS e por fim, com a tecnologia Ray-Tracing desativada.
Optar por uma boa TV Full-HD ao invés de 4K não só possibilitaria economizar uns bons trocados, como também garantiria uma experiência bem mais sólida e consistente em termos de performance e qualidade imagem, em detrimento a resolução. Mesmo adotado uma definição bem menor, na prática as diferenças são pouco perceptíveis para TVs com tamanhos de até 40″! E com o passar dos anos, os jogos rodando nesta resolução serão menos suscetíveis a downgrades na qualidade gráfica (redução de texturas e desligamento de efeitos visuais), tal como acontece com os jogos mais recentes em consoles da geração anterior.
Por isso, volto a afirmar: 4K será um fracasso para esta geração! &;-D