A primeira vez que tive contato com as redes sem-fio, foi por volta de 2008, através do antigo padrão 802.11g. Confesso: a primeira impressão não foi das melhores! Na época, um roteador doméstico realizava a ponte entre a rede cabeada da infraestrutura e oferecia conectividade sem-fio, para os funcionários da instituição na qual eu prestava serviços. Diferente das conexões cabeadas, elas apresentavam muita variação de performance e altas latências, impossibilitando a sua utilização para determinados serviços…
“Despite its maturity, Wi-Fi is always evolving to meet the needs of consumers and enterprises. There have been eight versions of the Wi-Fi network protocol, with the latest (Wi-Fi 6 or, to use its “street name,” 802.11ax) being released in 2019. Each iteration has been faster and more reliable than its predecessor, a comforting trend. Three-and-a-half generations (Wi-Fi 4, Wi-Fi 5, and Wi-Fi 6 and 6E) currently are in use.”
— by Network World.
Apesar das críticas, acompanhei a evolução das redes sem-fio e me encantei com esta tecnologia. Por isso, fiquei bastante entusiasmado com o lançamento da 6a. geração do padrão Wi-Fi (802.11ax), o qual não só promete velocidades absurdas de tráfego, mas também melhores latências e a possibilidade de suportar vários usuários ao mesmo tempo (graças a tecnologia OFDMA)! Só não contava mesmo é com a declaração do Dr. Carlos Cordeiro, CTO de conectividade sem fio da Intel, durante uma apresentação online: em apenas três anos, o sucessor Wi-Fi 7 estará disponível, sendo mais rápido em até 5x!
Este novo padrão (IEEE P802.11be) irá utilizar uma nova tecnologia, batizada de Multi-Link Operation (MLO), a qual confere aos dispositivos a utilização de múltiplos canais simultãneamente. Segundo os slides da apresentação do Dr. Carlos, o MLO “oferece maior rendimento, menor latência e/ou maior confiabilidade, que são úteis para uma série de aplicativos de VR/AR para IoT industrial”. E se não bastasse a grande performance obtida, o Wi-Fi 7 também será mais flexível e versátil para os dispositivos IoT, segundo Monica Paolini (dfundadora e diretora da empresa de tecnologia sem fioSenza Fili).
O novo padrão suportará tanto faixas de frequências de 7 GHz quanto outras menores, para se adequar as necessidades desta classe de dispositivos, considerando também os requisitos das aplicações IoT que fazem o uso de menos largura de banda. Ao mesmo tempo, ela considera importante as melhorias relacionadas aos parâmetros de latência e jitter, tornando as redes sem-fio mais determinística e previsível. Na sua opinião, estas particularidades tornam o novo padrão mais confiável, que vai de encontro ao atendimento das necessidades e requisitos de aplicações industriais e de IoT.
Mas será que precisaremos (mesmo) de todas estas inovações? Por um lado, acredito que as taxas de transferências atuais são mais que suficientes, para atender as necessidades gerais dos usuários. Porém, em tempos de aplicações em tempo real (jogos nas nuvens, videoconferência, voz sobre IP, etc), contar com conexões de redes sem fio com baixa latência e jitter, será fundamental para o seu sucesso. Mas que eu saiba, o padrão atual 802.11ax já atende muito bem em relação a estes requisitos e por isso, continuará sendo bastante popular por muitos anos. Tal como o próprio padrão 802.11n!
E estou aqui, me conectando a “incríveis” 150 Mbps… &;-D