Há algumas semanas, publiquei uma coluna em homenagem ao Linux (e seu criador), pelo anúncio feito no dia 25/ago/1991. Na época, Linus Torvalds “teclou pra galera do grupo” que “estava à toa e de bobeira” e aproveitou a oportunidade para desenvolver um sistema “melhor do que o do professor”! Brincadeiras à parte, Torvalds havia feito o anúncio histórico de “um MINIX melhor que o MINIX”, que todos já conhecem…
“Hello everybody out there using minix – I’m doing a (free) operating system (just a hobby, won’t be big and professional like gnu) for 386(486) AT clones. This has been brewing since april, and is starting to get ready. I’d like any feedback on things people like/dislike in minix, as my OS resembles it somewhat (same physical layout of the file-system (due to practical reasons) among other things).”
— by Linus Torvalds.
Algumas semanas depois (17/set/1991), ele liberou aquilo que seria a primeira versão do kernel “Freax” (que na época, ainda não se chamava Linux): 0.01! O código-fonte desta versão embrionária era algo quase “insignificante”, sendo dotado de apenas um pouco mais de 10 mil linhas e o pacote compactado mal passava dos 70 kbytes. No entanto, ele suportava a arquitetura i386 e era capaz de executar o interpretador de comandos GNU Bash e o compilador GNU GCC, além de acessar os drives de disquete. Tempos depois (5/out/1991), ele lançou uma atualização do kernel (0.02) e promoveu algumas pequenas melhorias:
“[As] I mentioned a month ago, I’m working on a free version of a Minix-lookalike for AT-386 computers. It has finally reached the stage where it’s even usable (though may not be depending on what you want), and I am willing to put out the sources for wider distribution. It is just version 0.02…but I’ve successfully run bash, gcc, gnu-make, gnu-sed, compress, etc. under it.”
— by Linus Torvalds.
Até então, os seus desenvolvedores dependiam de um sistema baseado no MINIX, para realizar a compilação deste kernel. Mas foi a partir da versão 0.11 (dez/1992) que ele se tornou mais “independente” (o termo mais exato seria “self-hosting”), podendo ser compilado a partir de um outro sistema baseado no mesmo kernel. No mês seguinte (fev/1992), a versão 0.12 foi liberada sob os termos da licença GNU GPL, tornando-se oficialmente um software livre “de fato”! Mas antes disso, um novo grupo Usenet foi criado (alt.os.linux) e o sistema acabou sendo renomeado para Linux, em homenagem ao seu criador (Linus + Unix).
Foi somente a partir da versão 0.95 (mar/1994), que o Linux obteve o suporte necessário para inicializar o servidor gráfico X Windows System (XFree86) e assim, ganhou a capacidade de executar aplicações gráficas. Logo depois foi lançada oficialmente a versão 1.0.0 e a partir desta, o kernel passou a ser reconhecido como maduro o suficiente, para ser utilizado em ambientes de produção. Já nesta época, ele possuía algo em torno de +176 mil linhas de código, graças aos esforços do próprio Torvalds e da comunidade que se formou em sua volta.
E então… o Linux conquistou o mundo inteiro (literalmente)! 😉
Vou ficando por aqui para não estender muito esta coluna, pois são tantas histórias para contar, que caberiam em um livro inteiro! Mas se porventura se vocês estiverem interessados em saber um pouco mais, recomendo a leitura da biografia do próprio Linus Torvalds (“Just for Fun”) ou o artigo da Wikipédia dedicado especialmente para este propósito (“History of Linux”). E se ainda não tiveram contato com o sistema, recomendo a utilização das distribuições Debian, Fedora ou Ubuntu (esta última é mais amigável para os usuários leigos).
Ah, antes que eu me esqueça: eis, o arquivo da versão 0.01… &;-D