A segunda metade dos anos 90 foi uma época especial para mim. Apesar de estar iniciando a minha carreira profissional na área de Metalurgia, havia adquirido o meu primeiro computador pessoal, para se manter atualizado em relação as novas tendências do mercado profissional (saber usar um computador naquela época já era pré-requisito). Havia comprado em “suaves prestações”, um PC desktop dotado de uma CPU AMD 486-DX4 de 100 MHz, com 4 MB de memória RAM, HD de 1.08 GB, placa de vídeo 2D de 1 MB e um modesto monitor de 14″ (800×600)…
O PC desktop já vinha com o Windows 3.11 “pirateado” pré-instalado e por isto, não demorei muito para fazer uma atualização completa: troquei a CPU por um Pentium-MMX de 200 MHz, coloquei 32 MB de memória RAM e um HD de 2.5 GB, além de adicionar um kit multimídia da Creative, dotado de um leitor de CD de 12x e placa de som). Nesta mesma época, adquiri um pacote combo contendo o sistema operacional Windows 95 e os softwares Word e Excel (ambos na versão 7.0). Tempos depois, troquei o monitor por um modelo de 15″ e adicionei uma placa aceleradora de vídeo com 4 MB de memória VRAM. Usei este PC até 2002!
Por um longo tempo, fui um usuário do Windows 95 e foi através dele, que aprendi os conceitos básicos referentes a administração e configuração de um sistema operacional. Fiz (várias vezes) a sua instalação a partir da mídia óptica, além de implementar drivers e softwares adicionais para integrar os dispositivos de hardware. Também produzi os meus primeiros documentos de escritório e até mesmo naveguei na Internet tempos depois, através do uso de um softmodem Intel P537P (e sofri muito com a sua lentidão). Por fim, também curti muitos jogos de tiro na época, como DOOM, Heretic, Quake, Hexen, etc.
Os anos se passaram, troquei de máquina algumas vezes, me tornei um linuxer apaixonado e mudei de profissão, mas as boas lembranças a gente nunca esquece! Por isso, quando me dei conta da existência de um novo sistema operacional que tem como principal característica, ter a “cara e o jeitão” do Windows no fim dos anos 90, a primeira vista não dei muita importância. Porém, ao analisar a construção da sua interface e os elementos que a compõem, uma série de memórias vieram à tona! O que era para ser mais uma matéria que seria lida em menos de 3 minutos e descartada logo em seguida, se tornou esta coluna memorável! Uma coisa é conhecer um sistema com o perfil old-school; outra bem distinta é ter vivido naquele época.
Conforme a sua página oficial, o SerenityOS “é uma carta de amor às interfaces de usuário dos anos 90 com um núcleo semelhante ao Unix personalizado”. Basicamente, ele é um sistema que roda um ambiente gráfico customizado, com ênfase nos elementos clássicos que conhecemos da interface das edições do Windows que foram lançadas na época, como o 95, o 98 e o Me. Basicamente, o seu criador o concebeu com a idéia de fazer “um casamento entre a estética do software de produtividade do final dos anos 1990 e a acessibilidade do usuário avançado do final dos anos 2000 * nix”. E pelo visto, ele conseguiu! Obviamente, ele é muito parecido (mas não idêntico) aos sistemas da Microsoft…
Mas ao contrário das distribuições Linux que se limitam a clonar as interfaces do Windows (e até mesmo se parecem mais com estes sistemas), aparentemente o SerenityOS promove uma experiência de usabilidade mais autêntica, como se estivéssemos mesmo voltado aos anos 90! Pessoalmente, gostei muito da versão alternativa do gerenciador de arquivos e do navegador WEB, apesar do Menu Iniciar estar mais alinhado as antigas interfaces gráficas como o FVWM95 e o IceWM. Por fim, até mesmo o terminal tem o seu charme, apesar de não exibir o prompt clássico do MS-DOS. Porém, estou fazendo estas análises preliminares através dos screenshots liberados, pois ainda não tive como testá-lo.
Infelizmente, (ainda) não há imagens ISO para baixar… &;-D