Gigabyte Radeon RX 6500 XT: os tempos da enganação voltaram…

Há muitos anos, um fabricante (o qual não me lembro o nome de cabeça) lançou uma placa de vídeo de entrada com incríveis 1 GB de memória RAM, numa época em que apenas os modelos mais poderosos ostentavam tal quantidade de memória: esta, era a nVIDIA GeForce 8500GT! Para se ter uma idéia do tamanho exagero, a grande maioria dos jogos (na época) já se davam por satisfeitos em contar com apenas 256 MB de memória RAM. Para variar, esta placa nem sequer utilizava a tecnologia GDDR3, utilizando em seu lugar as limitadas memórias baseadas no padrão DDR2, além de usarem um barramento com apenas 64 bits de largura…

Obviamente, o objetivo desta jogada de “marquêtíngue” era o de atrair os consumidores leigos e que nada entendem de especificações técnicas (mas que adoram números enormes), fazendo-os comprar uma peça de hardware que sugere alta performance, em vista da generosa (e desnecessária) quantidade de recursos. E por incrível que pareça… deu certo! A plaquinha vendeu muito bem, apesar das inúmeras análises condenar o seu baixo desempenho, além das reclamações dos consumidores em relação as expectativas não atendidas (já sugeri a um cliente a devolvê-la para a loja e solicitar o reembolso, por se tratar de propaganda enganosa). Desde então, não tenho visto mais iniciativas deste gênero.

Só que não: ao acessar lojas online especializadas em vendas de hardware, me deparei com uma placa de vídeo fabricada pela Gigabyte: a Radeon 6500 XT! Esta, também foi o tema de uma coluna sobre as suas modestas especificações técnicas, destacando-se por ser dotada de uma GPU de entrada (baseada na arquitetura RDNA 2) e contar com apenas 4 canais PCI-Express 4.0, além de 4 GB de memória RAM e barramento de 64 bits (felizmente dotada de memórias GDDR6, as quais entregam uma ótima performance e compensam o limitado barramento). Porém, se ela for utilizada em uma placa-mãe dotada de slots PCI-Express 3.0, terá o seu desempenho reduzido pelo fator “gargalo”, embora não seja uma placa ruim.

Mas o “X da questão” não está nas suas especificações e sim, no sistema de refrigeração adotado pelo fabricante, o qual utiliza um PCB bem mais comprido para comportar 3 ventoínhas (desnecessárias) para a sua refrigeração, se tornando visualmente bastante similar em comparação com as tradicionais placas de vídeo de alto desempenho (inclusive no acabamento)! O problema é que as GPUs destas placas possuem o TDP limitado a apenas 100 Watts, podendo ser perfeitamente bem atendidas por uma única ventoínha (até existem versões compactas e do tipo low-profile, voltadas para gabinetes compactos). Quanto a alimentação elétrica, ela também requer uma conexão externa de 6 pinos (os slots PCI-Express fornecem 75 Watts), ressaltando o seu “poder de fogo”.

Em suma: se um consumidor leigo passar em uma loja e ver uma destas placas ostentando um PCB “desse tamanho” e dotado de 3 “incríveis” ventoínhas para a sua ventilação, além de exigir uma conexão dedicada para a alimentação externa, a primeira coisa que vai passar na cabeça do idiota pobre coitado é que esta placa é “boa pra c******”, o que certamente será confirmando pelo vendedor pilantra da loja! No final das contas, ele vai “comprar gato por lebre”, achando que está adquirindo uma excelente placa de vídeo, além de pagar um valor bem abaixo da média no mercado, achando que “está se dando bem”! Mas chegar em casa, instalar a placa no PC desktop e rodar os seus jogos preferidos, xiii…

Uma pena, ver a Gigabyte (um renomado fabricante de hardware) se sujeitar a práticas deste tipo! Até então, as placas baseadas na GPU nVidia Geforce 8500 XT que havia me referido anteriormente, eram fabricadas e entregues por marcas não tão badaladas, como a Inno3D, a Palit, a PixelView e a XFX, entre outras não citadas. Tanto a Gigabyte, quanto a MSI, a Asus e a EVGA, são respeitadas pelos excelentes produtos que entregam ao mercado, nos três segmentos que conhecemos: entrada, intermediária e avançada. E antes que eu me esqueça: a nVidia e a AMD não têm “culpa no cartório”, já que elas somente desenvolvem as GPUs, deixando a cargo dos fabricantes de placas adicionarem os demais componentes eletrônicos!

A partir de agora, só confio na MSI, na Asus e (talvez) na EVGA… &;-D