Curiosidade: seria esta uma importante (mas subestimada) habilidade?

“A curiosidade matou o gato”, eis um velho ditado que todo mundo conhece! No entanto, ao invés de trazer ensinamentos e experiências positivas em geral, na prática ele condena uma das habilidades comportamentais (soft skills) de grande importância para o desenvolvimento profissional, além de ser subestimada por grande parte dos recrutadores de talentos. E se isto não bastasse, ainda temos que lidar com gestores que valorizam apenas as habilidades técnicas (hard skills), resultando na velha máxima de que “muitos profissionais são contratados pelas suas habilidades, mas dispensados pelos seus comportamentos”

“Too often, recruiters and IT managers focus on new hire candidates that tick specific boxes such as formal education, certifications, and work history. While these are all important factors to a degree, solely targeting these traits will not get you the best candidates in my experience. Instead, what I’ve found is that the best employees are those who truly enjoy the work and are hyper-curious about how specific technologies function at a granular level.”

— by Information Week.

Segundo Andrew Froehlich (CEO e arquiteto líder de rede, da West Gate Networks), ele descobriu na prática que os melhores funcionários são justamente aqueles que “realmente gostam do trabalho e são muito curiosos sobre como as tecnologias específicas funcionam em um nível granular”. Graças a estas particularidades, eles são mais propensos e obterem um conhecimento técnico mais aprofundado e por isto, se tornam profissionais melhores e mais capacitados. Em geral, esta classe de profissionais entregam soluções mais completas e eficientes para atender as necessidades dos clientes, além de serem mais abertos a grandes desafios e não se importarem de sair das suas zonas de conforto.

Na visão de Froehlich, os engenheiros e arquitetos de TI estão entre as funções que mais podem tirar proveito desta habilidade comportamental e por isto, são os profissionais que mais possuem chances de se destacarem no mercado. Embora não seja citado no artigo em questão (ao menos de forma clara e direta), outra habilidade comportamental que também gera bastante impacto é a criatividade, a qual (juntamente com a curiosidade) torna possível os profissionais criarem soluções a partir da combinação e uso de tecnologias, recursos e serviços, de forma não convencional como descrito pelos métodos e práticas recomendadas. Por isto, os gestores que contam com profissionais apaixonados e curiosos (além de criativos) estarão bem servidos, caso eles façam parte de uma boa equipe!

Em tempo: de onde surgiu este (infame) ditado? Na Idade Média, acreditava-se que os gatos eram íntimamente associados com as bruxas e por isto, as perseguições que tinham como alvo estes animais (que na minha opinião, são os mais belos que existem na natureza) eram feitas de forma implacável! Sabendo-se que os felinos em geral são curiosos por excelência e adoram explorar os ambientes que os cercam, muitas armadilhas eram criadas para atiçar a sua curiosidade e assim, eles eram pegos sem maiores dificuldades. E se eles animais tivessem a pelagem da cor preta, pior ainda! Pois além das perseguições que sofriam, esta classe de animais ainda tinham que lidar com as crenças e supertições da época.

“Se a curiosidade matou o gato, ao menos ele morreu sabendo”… &;-D