O GNOME e a história de um patinho feio que se tornou um belo cisne!

Quando experimentei o Linux pela primeira vez (1999), a primeira interface gráfica que tive contato foi o WindowMaker, graças a uma demonstração dada por um amigo na época que fazia o uso (e abuso) do sistema! No entanto, como ainda estava habituado ao “jeitão” e filosofia do Windows, além de desejar um ambiente mais poderoso e completo, acabei me tornando um usuário do KDE, embora também o GNOME estivesse disponível e me atendesse também. Ambos se encontravam na versão 1.0 e mesmo naquela época, já ofereciam bons recursos…

A escolha pelo KDE ao invés do GNOME, se deu em vista da grande quantidade de recursos e funcionalidades oferecidas, além de promover uma melhor integração com as aplicações que utilizavam a biblioteca gráfica GTK (o KDE é baseado na biblioteca Qt, que na época era proprietária e posteriormente se tornou livre). Irônicamente, as aplicações baseadas na biblioteca GTK eram bem mais numerosas do que aquelas que utilizavam a biblioteca Qt e no entanto, a maioria dos linuxers preferiam o KDE (na época). Além do mais, rodar aplicações Qt no GNOME não era algo muito “bonito de se ver”.

Mas de uns tempos para cá, as coisas mudaram por dois motivos: um deles, foi o “tropeço” do próprio KDE, que a partir da versão 4 trouxe um design totalmente reformulado, mas que não caiu muito no gosto dos linuxers e passou a receber inúmeras críticas por parte da comunidade. Embora a interface e seus elementos visuais tenham recebido muitas melhorias, para variar o ambiente gráfico deixou bastante a desejar no quesito estabilidade em suas primeiras versões. Além disso, o ambiente também exigia mais recursos computacionais da máquina e se tivesse que inicializar aplicações GTK, mais bibliotecas seriam carregadas!

Tempos depois, foi a vez do GNOME promover uma reformulação do seu design. Mas diferente do KDE, o GNOME promoveu as melhorias focadas na usabilidade, além de oferecer uma interface bonita e moderna, ao mesmo tempo em que segue fielmente o seu próprio lema “menos é mais”: ao invés de contar com um monte recursos e funcionalidades (que só tornam o ambiente mais inchado e menos intuitivo), os desenvolvedores promoveram uma interface mais simples e minimalista, entregando somente os recursos essenciais para os seus usuários.

Apesar de gerar algumas críticas iniciais (inclusive do próprio Linus Torvalds), esta decisão se tornou acertada! Com o passar do tempo, o GNOME se tornou um ambiente bonito, estável e funcional, além de atender bem as necessidades dos seus usuários. Tempos depois, as principais distribuições GNU/Linux (além do Ubuntu) passaram a defini-lo como o ambiente gráfico padrão, o que também promoveu ainda mais a sua adoção e em consequência, acabou se tornando mais popular que o KDE (especialmente após a reformulação deste último).

Durante estes últimos anos, o GNOME manteve a sua proposta atual, refinando ainda mais as boas experiências com as suas atualizações pontuais, ao invés de querer se reinventar para trazer grandes novidades e inovações (as quais nem sempre, desejamos). Com o tempo, os bugs e falhas de segurança foram corrigidos, além de terem sido feitos ajustes e otimizações para torná-lo mais leve, rápido e funcional. Até mesmo o seu sistema de versionamento foi redefinido, abandonando o clássico X.Y.Z para adotar um sistema mais simples, baseado no X.Y e com ênfase nas atualizações minor releases.

E espero que continue assim pelas próximas décadas… &;-D