Vale à pena adquirir os mini PCs para o uso básico no dia-a-dia?

Se existe uma categoria de equipamentos que admiro (até certo ponto), são os mini computadores (alguns tradicionais, outros desconhecidos) disponíveis para o mercado! Gosto deles, especialmente em vista do design compacto e a boa oferta de recursos computacionais “suficientes para o uso”, além dos preços acessíveis. No entanto, muitos deles também possuem uma série de problemas relacionados não só ao design, como também para as especificações técnicas…

A começar pelo design, muitos dispositivos desta categoria falham grosseiramente por dispor de construções ineficientes na dissipação térmica. Apesar da maioria utilizar uma solução de refrigeração passiva, em geral ainda é necessário garantir a ventilação interna para a troca da temperatura, seja através de uma grade vazada, uma carcaça perfurada ou até mesmo exaustores posicionados de forma estratégica. Pior ainda são aqueles que resolvem adotar um design ultra-fino, reduzindo de forma drástica o volume interno (necessário para o fluxo de ar) e ao mesmo tempo, aumentando o tamanho geral do equipamento.

Por isto, acredito que faz mais sentido colocar uma solução de refrigeração ativa direto no SoC e aproveitar o fluxo de ar para resfriar os componentes internos deste sistema. Mas nem sempre isto será possível, dependendo da construção interna do dispositivo: em geral, os principais componentes internos (módulos de memória RAM, interface de redes sem-fio e unidades de armazenamento) acabam sendo montados em posições de difícil acesso, dado o espaço limitado do gabinete e a “criatividade” dos fabricantes em arrumar um lugar para colocá-los! Inclusive, muitos ficam até posicionados do outro lado da placa-mãe.

A seguir, temos as especificações técnicas destes equipamentos. Não é raro encontrar configurações como pouco poder de processamento, memória RAM e armazenamento, mesmo para uma categoria de dispositivos voltadas para o uso básico! Já outros acabam apostando em arranjos desbalanceados, para os quais encontramos uma quantidade generosa de memória RAM ou armazenamento, mas comprometem por adotar SoCs defasados e com performance limitada. Por fim, o mesmo se dá para as conexões externas: já vi até mesmo mini PCs com 3 saídas de vídeos iguais (HDMI), ao mesmo tempo em que faltavam algumas portas USB…

Os SoCs destes equipamentos merecem um parágrafo à parte. A grande maioria não utilizam as arquiteturas de CPUs mais recentes do mercado, apesar de serem dispositivos recém-lançados! Por exemplo, neste ano tenho visto bastante mini PCs lançados com as anêmicas CPUs das séries Intel Celeron N3000 ou J4000, as quais foram lançadas ainda no final de 2019 (há +3 anos). Já as CPUs da AMD voltada para esta categoria de dispositivos são mais recentes e oferecem uma melhor performance (como o Athlon Silver 3050e), porém ainda são soluções essencialmente dual-core, além de usar litografias mais antigas (14nm).

Não é porque são dispositivos ultra-compactos, que devem ser de baixa qualidade para compensar a sua rentabilidade com o baixo custo! A Dell por exemplo, comercializa no Brasil uma linha de mini PCs batizada de OptiPlex 3000, a qual é equipada com as mais recentes CPUs de entrada da Intel (Core i3 12100T) e componentes de alta qualidade (SSD de 256GB PCIe NVMe Classe 35). Fazendo alguns ajustes em sua configuração (como aumentar a quantidade de memória RAM para 8 GB, adicionar uma placa de rede wireless e remover a licença do Windows, o teclado e o mouse), o equipamento sai por algo em torno de R$ 3.500,00.

Mas pelo visto, terei que montar o meu próprio equipamento… &;-D