Vocês já ouviram falar do DENT? Eis, um sistema operacional de redes…

… baseado em sistemas GNU/Linux! Quando falamos em Linux, a primeira coisa que vem à mente são os sistemas operacionais designados para o uso em servidores e estações de trabalho, como o Debian, a Red Hat Enterprise Linux e o Ubuntu, além de outros que não são tão populares ou badalados quanto estes já citados. Porém, o universo do Software Livre não se restringe a estes mercados e por isto, existem vários sistemas GNU/Linux designados para diferentes propósitos, além de suportar hardwares variados. Dentre eles, está uma distro especial que me chamou a atenção, a ponto de dedicar uma coluna sobre ela: eis, o DENT!

Patrocinado e mantido pela Linux Foundation (desde 2019), além de ser bancado por empresas de infraestrutura de redes como a Amazon, a Marvell, a Delta e a Edgecore Networks, o DENT é uma distribuição voltada para o uso em equipamentos de redes em geral (NOS), o qual integra um kernel Linux estável e funcional (LTS), bem como as clássicas e populares ferramentas do Projeto GNU, além de uma pilha de softwares essenciais para prover o suporte aos principais protocolos e serviços de redes, bem como todo o suporte ao hardware utilizado. Através deles, os administradores de redes poderão gerenciar e monitorar toda a infraestrutura de redes e seus ativos de TI, além de promoverem as melhores práticas garantir a sua segurança e estabilidade.

Dentre os protocolos suportados pelo DENT, estão 802.1x, QoS, IGMP Snooping e o Egress Policing, além de oferecer a implementação do SwitchDev para as operações relacionadas ao plano de de dados dos switches e seus ASICs (fornecendo assim um padrão aberto para utilizar os recursos de hardware destes equipamentos), bem como outros projetos baseados no kernel Linux, para a construção de um novo sistema operacional de rede padronizado sem abstrações ou sobrecarga. Em suma: graças ao patrocínio da Linux Foundation, ao apoio de diversos fornecedores de soluções de hardware/software e a força da comunidade do Software Livre, teremos um sistema operacional universal especialmente designado para o uso em redes!

O DENT irá dar aos administradores de redes, o total controle dos equipamentos e dispositivos de redes, promovendo a tão sonhada liberdade para definir o design da infraestrutura de rede, bem como as configurações a serem implementadas e as práticas de gestão que serão adotados, incluindo também segmentos importantes como a Internet das Coisas (IoT), a IoT industrial e os ambientes baseados em sensores. Eis, a pergunta “que não quer calar”: então, posso instalar o DENT em meus roteadores e switches (caso estes dispositivos sejam suportados)? Ou terei que adqurir apenas aqueles equipamentos com o DENT pré-instalado? Eita…

Felizmente, o sistema tem pouca ou nenhuma limitação de hardware e os fabricantes podem usar praticamente qualquer arquitetura suportada pelo kernel Linux, além de uma solução de armazenamento local. Inclusive, o projeto tem promovido o uso do Open Network Install Environment (ONIE) em produtos de rede que já são baseados em Linux. No entanto, as informações referentes ao dispositivo em questão (que vão desde o número de série do dispositivo até os endereços MAC das interfaces de rede, juntamente com vários números de versão, data e local de fabricação, bem como informações específicas do fabricante) são necessários, para que os drivers do kernel do Linux extraiam informações desta tabela e configurar o hardware.

Sem contar outras complexidades técnicas que por ora, não vamos abordar…

Na minha opinião, dispor de um sistema operacional de rede universal e compatível com todo e qualquer tipo de equipamentos e dispositivos de redes, seria algo espetacular em termos práticos, já que ele basicamente padronizaria a linha de comando (CLI) e outras interfaces de configuração mais amigáveis (GUI), além de proverem uma única API para o provisionamento, a orquestração e a automação, nestes novos tempos em que as redes de computadores serão definidas por softwares (SDN). Não precisariamos mais ter que lidar com diferentes interfaces, comandos e sintaxes, bem como compreender as abordagens de cada API para implementar configurações em produtos de diferentes fabricantes.

E de quebra, trabalhar com um dos mais versáteis sistemas operacionais… &;-D