Embora já tenha ouvido falar há bastante tempo sobre a tecnologia Ray Tracing e a sua capacidade de prover cenas renderizadas realistas, de início fiquei bastante empolgado com a sua aplicação em jogos eletrônicos. No entanto, esta empolgação logo cedeu espaço para a decepção, ao vê-la sendo subutilizada na exibição de imagens refletidas em superfícies espelhadas, como poças d’agua, objetos metálicos e outros elementos do gênero. Até então, preferiria ver os recursos computacionais “gastos” em renderizações mais interessantes do que apenas ver o meu personagem refletido em alguma coisa…
Porém, ao rodar alguns jogos com a tecnologia ativa, me dei conta que existem outros aspectos bem mais importantes, do que apenas os belos efeitos visuais providos por reflexão da luz e espelhamento em geral! Por exemplo, a iluminação das superfícies e objetos que tendem a refletir e espalhar a luz, geralmente afetam as cores das demais superfícies e objetos que estão ao redor e que por sua vez, acabam redirecionando a luz e suas cores para outros elementos próximos. Embora estejamos “acostumados” a observar esse comportamento da luz no mundo real (e nem nos damos conta disso), já nos jogos eletrônicos eles interferem bastante na sensação de imersão!
O mesmo se dá para outras propriedades gráficas, como a dispersão volumétrica em ambientes com neblinas e fumaças, bem como e o realce nas cores e detalhes ocasionados pelas sombras. Em geral, os (poucos) jogos eletrônicos (que conheço) tendem a simular estes efeitos visuais, utilizando diversas técnicas e recursos tecnológicos que apesar de proverem boms resultados, ainda se encontram bem distantes das impressões que o mundo real pode nos oferecer! E são justamente nestes cenários em que o Ray Tracing tem um potencial tremento para a sua aplicação.
Por fim, o Ray Tracing ainda pode até mesmo tornar possível a otimização da performance do subsistema gráfico, se for utilizado de forma inteligente para compensar a criação de cenários com não tantos detalhes e poucas texturas em alta definição, bem como tornar menos relevante as diferenças visuais em relação ao uso de altas resoluções, utilizando a tecnologia justamente para “disfarçar” estes aspectos. Além disso, poderemos obter resultados tão bons em definição Full-HD (1080p), que comparações com as definições maiores como o Quad-HD (1440p) ou 4K (2160p) podem parecer até mesmo insignificantes.
Acredito que em um futuro não muito distantes, poderíamos dispor de uma nova linha de consoles de video-games mais acessíveis, limitados propositalmente para utilizar resoluções menores como o Full-HD, pois não dá para competir com os PCs para jogos em termos de força bruta (a atual geração já não consegue manter 60 FPS para os títulos mais recentes). Para isto, será fundamental a utilização do Ray Tracing (explorando todo o seu potencial ao invés de se limitar a refletir a luz) combinado de forma inteligente com as tecnologias que promovem o aumento da resolução (Nvidia DLSS, AMD FSR e Intel XeSS). Consoles acessíveis como o próprio Microsoft Xbox Series S já demonstrou que isto poderia ser possível.
O problema é a P**** do marketing que gosta de “inflar números”… &;-D