Qual é o real valor do Código Aberto? Milhões, bilhões ou… trilhões?

Richard Stallman (ativista, fundador do movimento Software Livre, do Projeto GNU, e da Free Software Foundation) deixou bem claro uma vez, que as vantagens proporcionados pelo Software Livre não deveriam se resumir na sua gratuidade, quando afirmou que “Software Livre é uma questão de liberdade, não de preço”. Em sua visão, a possibilidade de obter uma cópia do código-fonte de forma livre, para que ele possa ser estudado, alterado e compartilhado por seus usuários, é um benefício que vai muito além das questões relacionadas ao seu valor comercial…

“Standard neoclassical economic theory holds that goods and services with widespread benefits get produced only if their maker can charge customers for them. Open-source software – defined as “something people can modify and share because its design is publicly accessible” – unquestionably has widespread benefits, yet it is free. Think of the Mozilla Firefox browser, VLC media player, the Python programming language or Linux-based operating systems. Many companies, including Meta Platforms and Mistral, are pioneering open-source AI.”

— by TechCentral.

Ainda assim, algumas instituições realizam estudos & contabilizações, para estimar qual seria o valor comercial do Código Aberto! Dentre elas, estão as universidades de Harvard e de Toronto, as quais propõem algo em torno de “modestos” 8,8 bilhões de dólares, segundo os seus investigadores. Para se ter uma idéia do quanto este valor representa para o mercado atual, foram gastos cerca de 3,4 bilhões de dólares em software comercial a nível mundial em 2020. Além disso o pressuposto valor comercial do Software Livre representa quase o triplo das últimas capitalizações de mercado das gigantes Apple e Microsoft.

Esta nova estimativa é resultado de um recálculo dos benefícios feito a partir do ponto de vista da procura, já que os estudos anteriores analisavam a partir do custo de substituição do software de Código Aberto (contabilizando os custos relacionados a contratação de desenvolvedores para reescrever o código destes programas). Para estes cenário, as estimativas giram algo em torno de incríveis 4,15 trilhões de dólares! Por fim, uma nova pesquisa conduzida com o apoio da Linux Foundation, traz uma nova estimativa, com base nos benefícios a partir do ponto de vista daqueles que usam tais softwares: 8,8 trilhões de dólares!

Se não é “para ganhar dinheiro”, então porquê as pessoas contribuem para os projetos de código aberto? Seus motivos variam: algumas, para “exibir as suas habilidades em programação” (e assim, aumentar o seu valor no mercado de trabalho); outras, apenas seguem e acreditam no código aberto como uma filosofia (e assim, “fazer o bem para o mundo”); por fim, muitas pessoas se tornam contribuidores do código aberto, para promover os avanços e as melhorias aos softwares que eles mesmo utilizam, para o seu benefício próprio.

Sem contar ainda, as mudanças positivas trazidas para todo o mercado…

Uma pena, que o Software Livre e o Código Aberto (não confundam ambos, pois apesarem de compartilhar muitas particularidades, também possuem diferenças bem significantes) ainda seja visto (e aceito) sob a perspectiva dos (baixos) custos envolvidos em todos os processos relacionados ao desenvolvimento, implantação, treinamento e uso. Pois além de subestimar as vantagens e os benefícios que ele poderia oferecer para a sociedade como um todo, também deixa a desejar pela imprecisão ao aplicá-lo em determinados cenários (especialmente em relação aos estudos relacionados ao TCO – Total Cost of Ownership).

Sempre que possível, optar pela família de licenças GNU GPL (e similares)… &;-D