… códigos-fonte da distribuição Red Hat Enterprise Linux! Há tempos, a Red Hat vem tomando algumas atitudes corporativas, que vão de encontro com a filosofia do Software Livre. Além de dificultar as distribuições “alternativas”, que utilizam a base de código da RHEL para criar “clones” (como é o caso do CentOS, que deixou de existir para dar lugar para a edição Stream), ela também tem dificultado o acesso aos códigos-fonte das edições estáveis da sua distribuição, “privilegiando” apenas os parceiros e clientes que fazem o uso do seu sistema…
Por isto, uma nova fundação foi criada para contornar este problema: eis, a OpenELA (Open Enterprise Linux Association)! Esta por sua vez, é uma associação estabelecida pelas empresas CIQ, Oracle e SUSE e que tem como principal objetivo, garantir o acesso aos códigos-fontes das distribuições corporativas (neste caso, estamos falando mesmo é da RHEL), com destaque para o kernel Linux e todos os componentes que giram em torno dele. Graças a ela, todas as empresas e instituições que desejarem criar o seu próprio “Linux corporativo”, poderão fazer isto sem maiores dificuldades, já que a organização disponibiliza e promove o compartilhamento da base de código (GitHub), além de promover outras ações que vão de encontro com o espírito e a filosofia do Software Livre.
Ué, mas o Red Hat Enterprise Linux não é uma distribuição GNU/Linux licenciada sob os termos da GNU GPL e que por definição, não deveria ter a sua base de códigos compartilhada? Sim e não. Embora esta licença obrigue aos fornecedores que os fontes sejam disponibilizados, ela somente faz efeito prático APENAS para aqueles que obtém e utilizam o programa em questão (mais especificamente, os binários prontos para a sua execução). Inclusive, a licença também não obriga a disponibilização deste programa de forma gratuita, tal como acontece a grande maioria dos softwares licenciados por ela. Por isto, a Red Hat está agindo dentro da lei, ao tomar a decisão de restringir o acesso da sua distribuição corporativa, já que para fazer o seu uso é necessária uma subscrição.
No entanto, ela vai de encontro a uma das filosofias consideradas pilares da comunidade que se formou em torno do Software Livre: a cultura da colaboração e do compartilhamento entre os membros que fazem parte desta incrível comunidade. Ao dificultar o acesso aos códigos-fontes e ao querer (re)definir as regras de como esta sinergia deveria funcionar, a Red Hat provocou a fúria dos entusiastas do Software Livre, a qual possui uma importância fundamental até mesmo para a própria empresa, por promover diversas contribuições para este sistema. A extinção do CentOS em prol do CentOS Stream já havia desencadeado uma insatisfação geral, que culminou com o anúncio do projeto Rocky Linux.
Agora é a vez da OpenELA, fundada com base nos seguinte princípíos:
- Foco na criação, no desenvolvimento e na distribuição do Software Livre;
- Garantir a independência e a neutralidade, além de promover a igualdade;
- Ser transparente em todos as operações relacionadas à instituição;
- Promover a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos e recursos;
- Estabelecer e manter os mais altos padrões de segurança do mercado;
- Fornecer sustentabilidade de longo prazo para todos os projetos hospedados;
- Governança da comunidade, transparente, inclusiva e participativa.
Dentre os principais benefícios, estão a garantia de que todas fontes necessárias tenham a compatibilidade necessária para atingir uma “versão 1:1” com as bases de código do “Linux Corporativo” (livre de falhas), distribuída via Git e com a colaboração ativa da comunidade. Além disso, ela terá diretrizes de compatibilidade para que as distribuições downstream possam testar seus resultados (build), um kit de branding para todas as distribuições downstream e apoiadores, dados de errata de segurança e documentação técnica, entre outros.
A IBM (e não a Red Hat) deveria reconsiderar as suas decisões. Senão… &;-D