A Canon PowerShot G12 e seus +10 anos de existência

Visão geral

Em setembro de 2010, a Canon anunciou uma nova revisão de suas câmeras compactas premium (também chamadas de prosumers), batizada de PowerShot G12. Embora esta nova versão entregasse apenas algumas pequenas revisões em relação a versão anterior (G11), esta câmera é especial (para mim), pois sabia que na época em que a adquiri, ela provavelmente seria a minha última câmera digital…

Então, o que mudou de 2010 para cá, a ponto de justificar a extinção das câmeras digitais no mercado? Ou ainda, o que motivos teríamos para adquirir boas câmeras digitais, face a qualidade e acessibilidade das câmeras oferecidas pelos smartphones disponíveis no mercado? Eis, a proposta deste artigo: realizar uma boa análise desta excelente câmera e (tentar) encontrar um espaço para ela no mercado atual.

As especificações técnicas

Quando a Canon PowerShot G12 foi lançada, ela contava com as seguintes particularidades:

  • Resolução de 10 Megapixels (sensor CCD);
  • Capacidade de gravar filmes em HD;
  • Suporte a tecnologia HDR;
  • Suporte ao formato RAW;
  • Sensibilidade ISO de até 12.800;
  • Lente de 28mm e abertura de 2.8,
  • Zoom de até 5x com estabilização de imagem;
  • LCD articulável de 2.8” de até 460.000 pixels;
  • Visor óptico com suporte ao zoom;
  • Controles manuais completos;
  • Entre outras qualidades…

Embora com algumas especificações modestas para os padrões atuais (resolução de apenas 10MP, abertura de 2.8 e sensibilidade ISO de até 12.800), esta câmera oferece qualidade de imagem mais que suficiente para os usuários domésticos e fotógrafos amadores, que querem apenas curtir o momento e tirar boas fotografias.

O impacto dos smartphones

Desde o lendário e icônico Nokia 95 (2007), já havia me dado conta que o futuro da fotografia digital estava íntimamente ligado aos smartphones. Com a facilidade de uso e a praticidade destes aparelhos, a fotografia casual se tornava muito mais fácil e acessível para mim. Afinal de contas, basta apenas tirar o dispositivo do bolso, realizar ajustes básicos e bater as fotos que desejar! Bem diferente da necessidade de carregar um equipamento não tão portável, que necessita de um case para acomodá-lo e de quebra, chama mais a atenção de meliantes ávidos por uma boa oportunidade…

O primeiro smartphone, a gente nunca esquece! 😉

No entanto, as diferenças e limitações técnicas acabavam me “obrigando” a manter uma câmera digital na reserva, sendo acionada sempre nas situações em que as câmeras dos smartphones deixavam a desejar. Dentre os principais motivos, destacam-se:

  1. A necessidade do zoom óptico;
  2. A qualidade e a riqueza das cores;
  3. As limitações de iluminação e flash;
  4. A gama de regulagens manuais;
  5. Entre outros recursos…

O zoom óptico

Os smartphones não são dotados de zoom óptico, apesar de existirem algumas poucas câmeras especializadas no mercado que ofereçam o recurso em questão. E o motivo é o mesmo, em relação a adoção de sensores mais compactos: ocupam espaço considerável na carcaça e afetam o design dos dispositivos. Além do mais, o ganho na espessura praticamente tornaria a usa portabilidade inviável.

Samsung Galaxy Zoom: ela mal cabe no seu bolso (literalmente)…

Em seu lugar, são implementados os zooms digitais, que nada mais são apenas recortes e ampliação da imagem para uma determinada resolução, que no final acabam degradando bastante a qualidade final. Neste aspecto, as câmeras digitais acabam levando uma grande vantagem e em determinadas situações, o zoom óptico é indispensável, como fotos de natureza, esportiva, etc.

Sensores CMOS vs CCD

Por questões técnicas (menor espaço e baixo consumo de energia), os smartphones utilizam sensores CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor), ao passo que as câmeras digitais utilizam sensores CCD (Charge Coupled Device). Embora a captura da imagem no CMOS seja um processo totalmente digital, estes geram mais ruídos na imagem e a captura de cores não é tão precisa, se comparados aos CCD. Por isso, apesar dos avanços tecnológicos feitos para os sensores CMOS, elas ainda não são páreas para os CCDs e estes útimos se tornaram a principal escolha para as câmeras digitais (embora existam boas unidades que utilizem sensores CMOS).

Nokia PureView 808: destaque para a robusta câmera de 41 MP!

Outro aspecto de extrema importância está no tamanho (área do sensor): quanto maior, melhor será a qualidade da captura de imagem ou dispor de maiores resoluções sem comprometar a qualidade! As câmeras digitais levam vantagem por disporem de carcaças maiores. Espremer vários megapixels em um sensor de apenas 1/3 comprometerá bastante a qualidade de imagem, se comparado com sensores maiores como 1/2.3 ou até mesmo 1/1.7 (utilizado pela Canon PowerShot G12). Até seria possível colocar sensores CMOS maiores nestes aparelhos; porém, o design seria bastante comprometido.

Iluminação e flash

Este é um dos aspectos que, apesar de ter evoluído nestes últimos anos, ainda deixa a desejar nos smartphones! Em geral, os flashes que acompanham estes dispositivos são baseados em tecnologia de LEDs (nos modelos mais simples) ou versões em dual-LED (nos modelos mais avançados). Em alguns casos bem específicos (como o dos smartphones dedicados a fotografia), estes aparelhos eram providos de flashes Xenon (no qual um gás passa a emitir uma forte luz branca, quando exposto a uma alta tensão elétrica).

iPhone: detalhes do flash baseado em dual-LED.

Porém, algumas tecnologias que apesar de não serem relacionadas ao flash, foram adicionadas para amenizar os problemas causados por baixa iluminação, como os sensores BSI-CMOS (que aumentam a quantidade de luz captada através do rearranjo dos componentes do sensor, mas gera alguns ruídos e imprecisão de cores na imagem) e o uso da tecnologia HDR, a qual permite combinar fotografias de diferentes exposições em uma só, com o objetivo de obter imagens mais equilibradas em termos de iluminação.

No geral, as câmeras de smartphones ainda deixam bastante a desejar em fotos noturnas ou em condições de má iluminação e em muitos casos, dependem de retoques feitos de forma automática pelo software embutido, o que acaba degradando a qualidade de imagem na maioria dos casos (as famosas reclamações de “imagem lavada”).

Ajustes e regulagens

Embora a grande maioria das câmeras digitais compactas ofereçam poucos mecanismos para a realização de ajustes e regulagens, eles ainda são mais ricos e versáteis neste aspectos, em comparação aos smartphones, que por sua vez contam apenas com a interface touchscreen e o app integrado ao sistema operacional (embora seja possível realizar o donwload de apps para buscar mais opções).

Visão traseira da PowerShot G12: observa a disposição dos controles manuais…

Se comparado a Canon PowerShot G12, a diferença ainda se torna mais drástica, pois este equipamento oferece uma série de mecanismos físicos para realizar os ajustes e regulagens, sem contar ainda com a fácil acesso aos recursos em questão. Por outro lado, também confesso que a minha câmera oferece tantos controles, que acabam até atrapalhando no manuseio… 😉

Por outro lado…

Apesar das câmeras dos smartphones serem mais limitadas, se comparadas com as câmeras digitais clássicas (especialmente aquelas da categoria prosumers, tal como a própria Canon PowerShot G12), por outro lado existem recursos superiores ou que somente se encontram disponíveis nos smarphones!

O uso de algoritmos avançados possibilitarão em um futuro não muito distante, corrigir uma foto antes mesmo de ser tirada!

Por exemplo, a abertura da lente dos smartphones possibilita uma melhor captura de luz, especialmente se combinada com os novos sensores CMOS BSI-CMOS; a oferta de diversos aplicativos com foco em fotografia digital; por fim, o fato do smartphones ser um computador completo, o que possibilita o uso do seu poder computacional para executar algoritmos de inteligência artificial, que promovam uma série de melhorias e correções de erro.

Conclusão

Apesar das diferenças técnicas entre as câmeras digitais e de smartphones terem reduzido de forma drástica, confesso que ainda não consigo ficar sem a minha câmera digital, embora também não negue que cada vez mais, sinto-me menos dependente dela. Além do mais, o que custa manter um segundo equipamento que além de oferecer recursos e opções que não se encontram em câmeras de smartphone, ainda me dá a segurança de ser um equipamento reserva, em situações nas quais o smartphone não possa atender? E se eu me desfazer dela, certamente não terei motivos ou justificativas para outra, já que as câmeras de smartphones atendem perfeitamente bem.

De fato, as câmeras de smartphones vieram para ficar… &;-D

Referências