Cisco CCNA 7.0: o que esperar da “nova” certificação?

Visão geral

Há um pouco mais de três anos (jun/2019), a Cisco surpreeendeu o mundo ao anunciar a completa reformulação do seu portifólio de certificações: CCNA, CCNP e CCIE. Apesar das profundas mundanças ocorridas em praticamente todos os níveis, nenhuma outra chamou tanta a atenção quanto a CCNA. Se antes, tínhamos um leque de várias certificações CCNAs com “sabores diferentes” (Security, Wireless, Datacenter, Collaboration, Provider, CyberOps, etc), agora teremos uma única certificação CCNA que será a “porta de entrada” para o profissional se especializar em redes de computadores!

Então, o que podemos esperar deste novo CCNA?

História

Irônicamente, lá no final dos anos 90 quando o CCNA foi criado (½ década depois da certificação CCIE), ela era apenas uma certificação de entrada e conhecido apenas por esta sigla. Até então, não existiam as especializações que conhecemos durante as 3 primeiras versões. Simplesmente, era chamada de CCNA e ponto final. Já a partir da 4a. versão, novas especializações foram criadas e o CCNA passou a se chamar CCNA: Routing & Switching. Isto até a recente CCNAv7.

O CCNA era o cartão de boas vindas no mundo das certificações Cisco, para aqueles que desejassem se tornar administradores de redes. Mais à frente, eles poderiam decidir se irão especializar, através da obtenção das certificações nas trilhas mais avançadas, como o CCNP (Professional) e o CCIE (Specialist).

A estrutura

As antigas versões denominadas “Routing & Switching (4, 5 e 6) possuíam 4 módulos, os quais dividiam todo o conteúdo em partes estruturadas de acordo com o tema central de estudo. Para a versão 4, os módulos eram “Introdução a redes”, “Roteamento”, “Comutação” e “Tecnologias WAN”. Já a partir das versões 5 e 6, houve uma bela reestruturação dos módulos (que receberam conteúdos adicionais e removeram outros), que por sua vez receberam as seguintes denominações: “Introdução a redes”, “O essencial de roteamento e comutação”, “O escalonamento de redes” e por fim “Conectando redes”.

A partir da 7a. versão, o CCNA se tornou uma única certificação geral, na qual foram incorporadas conteúdos das demais (especialmente de wireless e segurança), bem como novos tópicos sobre automação foram acrescentados (no entanto, a CCNA CyberSecurity foi mantida). E contrariando todas as expectativas, o conteúdo geral foi reduzido em aproximadamente 25%, tornando os cursos CCNA mais enxutos (algo inédito, pois a cada revisão o CCNA ganhava mais conteúdo e se tornava mais difícil), que por sua vez permitiu dividi-lo em apenas 3 módulos: “Introdução a redes”, “Roteamento, comutação e redes sem fio” e “Rede corporativa, segurança e automação”.

Os 3 módulos

Um dos módulos mais subestimados, por se tratar de um conteúdo básico e de fácil assimilação, eis o Introdução a Redes! No entanto, apesar das pequenas mudanças estruturais que o módulo em questão passou ao longo das revisões, o ITN continua sendo basicamente o mesmo, ao apresentar os conceitos básicos de redes de computadores, com destaque para o modelo OSI e a pilha de protocolos TCP/IP, além das tecnologias e protocolos essenciais. No entanto, diferente das versões anteriores, o seu conteúdo foi divido em 17 capítulos, mais curtos e prático para o estudo. A meu ver, este módulo poderia ser mais encorpado e dedicado a uma única certificação de entrada, de cunho introdutório e generalista, pois muitos profissionais e entusiatas seriam beneficiados e não apenas aqueles focados em infraestrutura, que são os alvos desta certificação.

Já o novo módulo Roteamento, comutação e redes sem-fio, algumas mudanças importantes foram realizadas, como a integração de conhecimentos gerais referentes a tecnologias de redes sem-fio e um capítulo dedicado a segurança em redes LAN. Por outro lado, conteúdos foram removidos, como os protocolos de roteamento RIP e EIGRP, além de manter somente o OSPF em sua versão single-area (que para variar, foi migrado para o 3o. módulo). Por fim, serviços como DHCP aparentemente seria melhor “encaixado” no 3o. módulo. Confesso que este módulo em alguns aspectos de organização, deixou um pouco a desejar; mas no geral, ainda continua sendo um módulo interessante e bastante acessível para estudos.

Por fim, o módulo Rede corporativa, segurança e automação, trata de uma diversidade de tecnologias importantes para as redes corporativas, como roteamento (OSPF), listas de controle de acesso (ACLs), conceitos de tecnologias WAN, redes privadas virtuais (VPN), criptografia (IPSec), Qualidade de Serviço (QoS), virtualização e automação de redes. Em geral, todos estes tópicos já foram debatidos nas versões anteriores do CCNA, exceto automação: em alguns capítulos à parte, teremos uma visão geral sobre as tendências do mercado em relação a SDN (rede definida por software), virtualização, automação e orquestração, além de uma breve introdução sobre as principais linguagens de programação (com destaque para Python), tecnologias e recursos para tornar a administração de vários dispositivos a partir de um único “painel de vidro”.

A obtenção

Antigamente, se o candidato optasse por realizar 2 exames e fosse aprovado pelo primeiro, receberia a certificação CCENT, a qual corresponde os dois primeiros módulos do curso; por fim, caso fosse aprovado nos 2 exames (4 módulos) ou no exame unificado, ele recebe a certificação CCNA: Routing& Switching. Já para o novo exame, não existe mais o CCENT (embora tenhamos outra certificação de entrada chamada CCT que foi reposicionada para realizar a “mesma” função).

Eis, os tópicos do novo exame e o seu peso:

  • 1.0 Network Fundamentals – peso 20%.
  • 2.0 Network Access – peso 20%.
  • 3.0 IP Connectivity – peso 25%.
  • 4.0 IP Services – peso 10%.
  • 5.0 Security Fundamentals – peso 15%.
  • 6.0 Automation and Programmability – peso 10%.

Boa parte do conteúdo do antigo CCNA: Routing & Switching foram movidos para o exame CCNP Enterprise: CORE, o qual se tornou a base para a conquista das certificações CCNP e CCIE. Embora o CCNP exija a realização de 2 exames (Core + Especialização), apenas com a obtenção do exame Core já é suficiente para o candidato obter uma certificação baseada em um novo nível: Especialista. Em suma: uma prova, uma certificação. Simples assim!

Conclusão

Na minha opinião, esta foi a reformulação mais espetacular que aconteceu em toda a vida desta linha de certificação e confesso: comemorei como se tivesse “ganhado um título”! Como sou instrutor de Informática, estabelecer uma linha-base para o domínio geral de uma área de conhecimento é fundamental para um profissional de TI e a nova certificação CCNA é mais genérica e abrangente, se comparada a antiga CCNA: Routing & Switching. E vou mais além: mal posso esperar as novidades das futuras revisões desta (e outras) certificações! &;-D

Referências