Visão geral
Em 2009, a Intel lançou uma nova geração de arquitetura Core e com ela, trouxe uma notável mudança para as nomenclaturas adotadas em seus processadores. Foram criadas as definições Core i3, i5 e i7, para deixar claro quais são os mercados para os quais elas são destinadas: entrada (enty), intermediário (mainstream) e avançado (high-end). Apesar das CPUs Core i7 serem o carro-chefe da empresa em termos de propaganda & marketing, as CPUs de entrada são justamente as mais vendidas no mercado, por elas oferecerem um poder de processamento “mais que suficiente” para o dia-a-dia…
Durante muitos anos, a Intel reinou praticamente absoluta neste mercado, por contar com processadores de boa performance para todas as faixas de mercado, até a chegada e ascensão da AMD e sua nova linha de processadores Ryzen, baseadas na poderosa arquitetura Zen. Esta por sua vez, foi lançadas em 2017 e se destacava por oferecer um grande aumento de performance em instruções por clock (IPC), além de manter o consumo de energia em patamares aceitáveis e por fim, oferecerem uma excelente relação de custo vs benefício. Graças a ela (e suas versões posteriores), a AMD pode finalmente concorrer de igual para igual com a Intel e retomar a sua participação no mercado, chegando aos incríveis 25% conquistados nos tempos do Athlon XP & 64!
A arquitetura Alder Lake
Até então, as “novas” linhas de CPUs lançadas pela Intel se baseavam na antiga arquitetura Skylake, apesar desta última oferecer uma boa performance na época em que foi lançada (2015). A grosso modo, os ganhos de performance no IPC foram basicamente incrementais para as CPUs derivadas da 6a. geração e com a chegada da linha de CPUs Ryzen, elas passaram a ficar ligeiramente abaixo destas últimas, em comparativos de benchmark feitos a partir de então. Mas felizmente, as coisas começaram a mudar a partir da arquitetura Alder Lake.
Diferente das arquiteturas anteriores, a Alder Lake foi totalmente reformulada, destacando-se por oferecer um design similar ao big.LITTLE da ARM, trazendo duas micro-arquiteturas distintas na mesma unidade física: os P-Cores de alta performance, baseados nos novos núcleos Golden Cove e os E-Cores de alta eficiência, baseados nos novos núcleos Gracemont. Tal arranjo possibilitou a Intel entregar novas unidades que tanto oferecem um grande poder computacional, ao mesmo tempo em que mantém o consumo de energia baixo para tarefas leves ou ainda, em modo espera. A litografia é baseada em processos de 10nm, embora a Intel utilize uma denominação diferenciada, chamada Intel 7.
Os núcleos de alta performance Golden Cove se destacam, por prover melhorias notáveis em sua micro-arquitetura, o que possibilitou aumentar o seu IPC de forma considerável (algo em torno de 20%). Já os núcleos de alta eficiência Gracemont (o mesmo utilizado para as CPUs Intel Atom) também tiveram uma evolução considerável em sua micro-arquitetura, chegando ao ponto dos arranjos de 4 núcleos oferecerem uma performance comparável aos núcleos single-core das gerações anteriores, ao mesmo tempo em que mantém o consumo de energia sob o controle. Por fim, a capacidade de processar 2 threads (HT) e a flexibilidade de utilizar as CPUs de alta performance e alta eficiência ao mesmo tempo, possibilitou uma melhor utilização dos seus recursos computacionais, o que na prática aumentou ainda mais o desempenho geral das unidades Alder Lake!
Os novos Intel Core i3
Como já sabemos, a Intel mantém 3 linhas de CPUs, voltados para diferentes mercados: de entrada (Core i3), intermediária (Core i5) e avançada (Core i7). Diferente das demais linhas, as CPUs Intel Core i3 utilizam em sua composição, apenas os núcleos de alta performance Golden Cove, limitados a arranjos de 4 núcleos (quad-core) e TDP estimado para algo em torno de 60 Watts (o que é algo razoável, apesar de se tratar de uma CPU de entrada). Mas tal como a arquitetura anterior (Rocket Lake), ela também oferece suporte para multi-threads (HT), que por sua vez duplica a quantidade de núcleos lógicos e aumenta ligeiramente o seu desempenho.
Outro grande atrativo para as novas GPUs integradas baseadas nesta arquitetura, está a integração de um novo subsistema gráfico (IGP), baseado na nova arquitetura Intel Iris Xe. A sua estréia foi feita a partir da arquitetura Tiger Lake (10a. geração, voltada para portáteis) e já nesta “época”, deixou boas impressões ao mostrar performance suficiente para rodar os jogos mais modernos, embora limitados a resolução HD (720p) e qualidade de imagem variável, de acordo com as exigências das engines gráficas. Todas as CPUs Alder Lake dotadas de IGPs, utilizarão a arquitetura gráficas Intel Gen 12.2, com quantidades de núcleos que variam de 16 a 96 núcleos e frequência-base de 300 MHz.
Estas CPUs também se destacam por oferecer suporte para as tecnologias mais modernas, como as memórias DDR4 (até 3200 MHz), DDR5 (a partir de 4800 MHz) para desktops, além de memórias LPDDR4 e LPDDR 5 para dispositivos portáteis (as frequências não foram informadas) em arranjos dual-channel. A quantidade de cache L1 (80 e 96 KB), L2 (1.25 e 2 MB) e L3 (até 30 MB compartilhado) também varia ligeiramente, para as unidades P-Core (Golden Cove) e E-Core (Gracemont). Elas também suportam os barramentos PCI-Express 4.0 (4 canais) e 5.0 (16 canais) e utilizam um novo soquete: o LGA 1700.
Por fim, a Intel também trouxe uma nova linha de chipsets: o Z690 (high-end), o H670 (mainstream) e o B660 (entry-level). O Z690 é designado para os usuários avançados, oferecendo a opção de overclock para a CPU e o suporte para uma grande quantidade de canais PCI-Express e DMI, além de muitas portas SATA e USB, sendo seguido “de perto” pelo H670 (com algumas pequenas concessões, como a ausência do suporte ao overclock e menor quantidade de recursos em geral). Já o chipset B660 é voltado para o mercado de entrada, o qual apesar de fazer maiores concessões em relação aos demais, ainda assim provê todo o suporte tecnológico necessário, para a montagem de um PC desktop completo e funcional. Na minha opinião, este seria o chipset perfeito para as CPUs Intel Core i3!
Obs.: nem considerei o chipset H610 nesta relação, por ser pobre demais em termos de recursos! Para se ter uma idéia, o “mizerávil” nem sequer provê suporte para os canais PCI-Express 4.0 (apenas 8x PCIe 3.0), além de aceitar apenas um único módulo de memória. Provavelmente, ele deverá ser uma razoável opção para os equipamentos dotados de CPUs integradas e minimalistas, como nettops, tablets e notebooks de baixo custo.
A performance geral
Embora as CPUs de entrada Intel Core i3 sejam menos poderosas em comparação com as demais, além de serem designadas para um mercado no qual basta ser “boa o suficiente” para atender as necessidades dos seus usuários, isto não quer dizer que elas não sejam relativamente potentes: como havia dito, uma simples unidade Core i3 12100 é capaz de rodar até mesmo os jogos mais modernos, se tornando uma excelente opção para máquinas de baixo custo para rodar jogos, mesmo sendo respeitadas as suas limitações!
Vários sites especializados sobre o assunto (inclusive o brasileiro Adrenaline) já destacaram o ganho de performance destas CPUs, se comparado tanto com as gerações anteriores, quanto com a própria concorrência: se antes as CPUs de entrada Ryzen 3 lideravam de forma tranquila, agora elas vão encontrar um sério concorrente para este mercado! Para se ter uma idéia disto, o Ryzen 3 3300 (o seu principal concorrente) é superado pelas amostras de engenharia do Corei i3 12100 e 12300 facilmente, chegando a +30% de diferença entre eles! E se não bastasse a diferença de performance, estas CPUs serão vendidas por algo entre US$ 125 a 140!
Os IGPs também terão um papel fundamental nesta competição, pois a partir de agora virão com as novas GPUs baseadas na arquitetura Intel Iris Xe. No caso destas CPUs de entrada, elas virão com o IGP UHD Intel 730 (Gen 12.2), a qual contará com 24 EUs e velocidade máxima de 1.45 GHz. Embora não sejam recomendadas para a execução de jogos, a sua performance não só atenderá a necessidade de usuários que rodam jogos de forma ocasional, como também terão um desempenho próximo em relação aos IGPs AMD Vega de entrada (até 6 núcleos), que por sua vez foram lançados em 2018 e já apresentam uma certa defasagem tecnológica. Por fim, o Core i3 12100F não terá uma GPU integrada, possibilitando aos integradores adicionar uma placa de vídeo dedicada.
Conclusão
A partir da 12a. geração de processadores (Alder Lake), uma nova era se inicia para a Intel, já que agora ela poderá contar com uma arquitetura “decente” para enfrentar a concorrência! Durante anos, as linhas AMD Ryzen praticamente massacraram a Intel tanto no quesito performance quanto de preço, fazendo-a perder cotas de mercado para a sua principal concorrente. Para variar, os novos IGPs Iris Xe também não darão folga para a AMD, além de já terem feito a sua estréia antes nos dispositivos móveis.
Por fim, a Intel também não poderá mais encarar a AMD como uma mera concorrente, já que graças ao seu crescimento nestes últimos anos e as aquisições recentes, ela praticamente se equiparou em valor de mercado, apesar de (ainda) não ter o mesmo lucro. Então, o que esperar das próximas arquiteturas & gerações de processadores? Continuaremos a ver a Intel e a AMD disputar este mercado, teremos mais um novo player disputando pelo seu espaço ou ainda, a Intel continuará mantendo o seu domínio, no segmento x86?
Algo me diz que serão os futuros processadores híbridos a entrarem em cena… &;-D