Por quase 6 anos, foi um feliz usuário de um dispositivo portátil que muitos torcem o nariz: o netbook Asus EeePC 900. Dotado de baixa capacidade de processamento e gráfica (mesmo para a época em que o adquiri), nem eu mesmo jamais imaginaria ficar tanto tempo assim com ele. Um dos principais motivos pelo qual não me desfiz dele, estava a boa usabilidade que o aparelhinho me oferecia, além da boa qualidade de construção (ainda que muitos reclamem do seu diminuto tamanho)…
Mas infelizmente, não teve jeito: dada as suas limitações, um dia teria que substituí-lo por uma outra máquina, dotada de melhores recursos para atender as minhas necessidades. E por mais que tenha gostado dos netbooks, a escolha não foi por um novo modelo desta categoria de portáteis: infelizmente, dada a baixa popularidade dos netbooks (especialmente após a ascensão dos tablets), os poucos modelos disponíveis não satisfaziam os meus interesses. Então, decidi por adotar um primo não muito distante dos netbooks: o nettop! 😉
Ao invés de comprar por um produto completo e já pronto para o uso, como os NUCs da Intel ou os mini-PCs da Zotac ou da própria Asus, decidi adquirir todos os componentes separadamente e montar o meu próprio mini-PC, adequando as suas especificações técnicas para atender as minhas necessidades. Apesar de não considerá-la uma máquina perfeita (veremos mais adiante o porquê), estou muito feliz com o seu desempenho geral, o que certamente irá garantir pelo menos bons 5 anos de uso.
Eis, uma listagem simplificada dos componentes:
- Gabinete Casemal ALL-CHS-M03 c/ fonte 60W;
- Placa-mãe MSI mini-ITX J1900I c/ CPU Celeron;
- Unidade SSD Kingston SSDNow V300 de 60 GB;
- 2 módulos SmartData DDR-3 1333 de 2 GB.
- Interface wireless Intelbrás WBN 240.
- Monitor de LCD LG de 15″ (1024×768).
- Caixa de som “genéricas”.
- Teclado e mouse.
Dado o interesse em adquirir um PC desktop compacto, a compra de um gabinete mini-ITX seria a escolha óbvia para este projeto. No entanto, devido a dificuldade de encontrar alguns modelos interessantes, como o Akasa Enigma 3 e o Thermaltake SD101, acabei optando pelo Casemall ALL-CHS-M03 em virtude de seu baixo custo. Mas infelizmente, não foi uma boa escolha: o gabinete em questão não permite a adição de uma placa PCI-Express low-profile e não possui portas USB frontais (esqueci de conferir no ato da compra). Então, acabei sendo obrigado a usar uma interface wireless USB, que me fez “perder” uma das poucas portas USB.
Já a placa-mãe MSI mini-ITX J900I foi uma bela surpresa. Apesar de ser dotada apenas dos componentes essenciais para um PC desktop básico, o seu SoC integrado e de baixo consumo (10W) deu um show à parte, em termos de performance! Composta por 4 núcleos baseados na arquitetura Bay Trail (a qual vocês provavelmente devem conhecer através do nome comercial Atom) e uma GPU Intel HD Graphics (com apenas 4 unidades de processamento), o Celeron J1900 entrega um desempenho suficiente para as minhas necessidades básicas, dando suporte a instruções de 64 bits e virtualização. Acreditem ou não, o sistema Debian e seu ambiente gráfico GNOME rodaram lisos e de forma bem suave!
Obviamente, grande parte desta boa performance também se deve ao desempenho da unidade de armazenamento: o SSD da Kingston SSDNow V300 series, com 60 GB de capacidade e conexão SATA III, suportando velocidades de 450 MB/seg para leitura e 420 MB/seg para escrita. E se porventura considerem a capacidade de armazenamento baixa, saibam que durante anos utilizei um SSD da Intel de apenas 40 GB no meu antigo netbook, que gravava a míseros 45 MB/seg e mal ocupava 1/3 dele! No SSD atual, utilizo algo em torno de 15 GB de armazenamento (o que corresponde a ¼ de sua capacidade), graças em grande parte a instalação enxuta do Linux e o fato de não guardar arquivos de grandes volumes.
Já para os demais componentes, não há muito o que comentar. Os 2 módulos de memória RAM são DDR3-1333, de 2 GB e fabricados pela SmartData, além de um teclado mecânico USB, um mouse PS/2 e a interface USB wireless, já que não existem placas de rede PCI-e para o tamanho do gabinete. No entanto, desejava experimentar as caixas de som da Edifier; mas como não encontrei um modelo mais simples (sem subwoofer), acabei adotando um kit de caixas de som de marcas “desconhecidas”, que custaram somente R$ 15,00. Obviamente, elas não duraram muito e acabaram sendo substituídas por fones de ouvido, já que estes últimos não precisam de portas USBs.
Por fim, eis o componente mais “estranho”: o monitor! Ao invés de comprar um dispositivos widescreen, optei por adquirir um antigo modelo de 15″ 4:3 e resolução de 1024×768, fabricado pela LG. Pessoalmente, não sou muito fã de monitores LCD, por causa da baixa fidelidade de cores; mas como não encontrei monitores de 15.6″ dotados de um bom contraste e uma boa fidelidade de cores, optei também por adquirir este modelo para “ir quebrando o galho”. Também não gosto de usar monitores maiores, pois além de ocuparem mais espaço, também são mais caros.
Como podem ver, o básico e ultra-compacto PC desktop custou relativamente barato, algo em torno de apenas mil reais! Poderia até ter adquirido um equipamento mais poderosos, o que certamente me traria gastos maiores (e até desnecessários), além de uma conta de luz mais indigesta (ainda mais nestes tempos em que a palavra “racionamento” virou regra geral). Pessoalmente, não acredito que valha à pena investir em máquinas mais potentes, para passar a maior parte do tempo sendo sub-utilizada, onde muitas vezes somos obrigados a realizar a sua troca tempos depois, antes mesmo de se tornarem obsoletos.
E os anos se passaram…
Estamos em 2021 e justamente neste mês (mar/21), o meu nettop completou 6 anos de idade! Contrariando as minhas expectativas, ele continua rodando bem a grande maioria dos softwares que costumo utilizar no dia-a-dia, com exceção das plataformas de virtualização. Mesmo com aplicações leves como o VirtualBox, a máquina já não aguenta mais suportar a carga de sistemas virtualizados, se limitando a apenas versões antigas do Windows e algumas distros Linux em modo texto. Pelo visto, já está chegando na hora de trocá-lo, embora ela ainda tenha fôlego para trabalhar por mais um ou dos anos.
A troca provavelmente será por um novo nettop, já que o design e a compactez do gabinete me deixou muito satisfeito. Porém, diferente das outras oportunidades em que montei as minhas máquinas, desta vez vou optar por um equipamento de grife, já montado e com todas as garantias e vantagens oferecidas pelas empresas especializadas. Não há uma razão especial, apenas porque “me bateu um desejo”! Até o presente momento, o equipamento mais cotado será baseado na linha Dell Optiplex, embora os equipamentos da Lenovo e HP também estejam bem cotados.
Diferente do atual nettop, o novo equipamento deverá me oferecer mais recursos, como uma maior capacidade de processamento para suportar máquinas virtuais, além de pelo menos uma modesta capacidade gráfica para executar alguns jogos casuais (embora prefira consoles, alguns bons títulos só se encontram para a plataforma PC). Por isto, adotar uma arquitetura de processadores atual (ainda que de entrada) e dispondo de pelo menos um bom IGP, será fundamental para o sucesso do meu futuro nettop!
Se este novo nettop vai durar 6 anos (ou mais), já são outros 500… &;-D