Microsoft Windows 11: o que esperar deste “novo” sistema operacional?

Visão geral

Contrariando algumas expectativas, a Microsoft lançou uma nova versão do seu sistema operacional: o Windows 11! Há alguns anos (2015), ela havia declarado de que não teríamos mais novas versões do Windows (que eram lançadas a cada 3 ou 4 anos), tornando o Windows 10 “eterno enquanto dure”, com atualizações pontuais para ele ao longo dos anos. Por isso, este lançamento pegou muita gente de supresa, mas ao contrário do que parece, o recém-lançado Windows 11 não é “exatamente” um novo sistema operacional. Apesar de ser anunciado como um sistema à parte, ele está mais para algo mais próximo de uma grande atualização, embora seja bem mais encorpado e entregando inúmeras novidades…

Então, o que esperar deste “novo” sistema operacional?

Antes…

Em 1985, a Microsoft havia lançado o Windows 1.0, que na época era basicamente uma interface gráfica que rodava sobre o MS-DOS. Tanto ele quanto as versões posteriores (até o Windows 3.1) se baseavam nesta concepção, até o lançamento do Windows 95, que de fato se tornou mesmo um sistema operacional completo, com todos os componentes e elementos de um software desta categoria.

Fonte: Wikipedia.

O Windows 95 (“Projeto Chicago”) se tornou um marco na história da computação pessoal, por entregar uma interface totalmente reformulada e dotada dos componentes que estão presentes até hoje: o menu Iniciar (responsável por inicializar as aplicações), a Barra de Tarefas (responsável por gerenciar as aplicações em aberto) e a clássica Área de Trabalho. Apesar das resistências iniciais por parte dos usuários (acostumados com a interface do sistema anterior), não demorou muito para que este sistema se tornasse bastante popular e consequentemente, bem difundido. Por isso, as versões posteriores mantiveram a mesma concepção base do Windows 95, embora entregassem melhorias graduais, tornando-o mais estável e funcional.

Fonte: Wikipedia.

O Windows XP (2001), que sucedeu o Windows 98/SE e o Windows ME, também se tornou um grande marco, já que além de manter a mesma experiência de uso do clássico Windows 95, oferecia um visual mais repaginado. Diferente das edições anteriores, este sistema operacional foi construído com base no sistema Windows NT (voltado para servidores e workstations), que por sua vez mantinha um kernel mais robusto e estável, tornando-se menos suscetível a instabilidades e travamentos. Mesmo substituído pelo Windows Vista (2006), o Windows XP se manteve por um bom tempo, com excelentes cotas de mercado, pois além de ser leve e maduro (graças aos Service Packs lançados posteriormente), o Vista era um sistema lento, pesado e mal otimizado para os PCs desktops e notebooks da época.

Fonte: Wikipedia.

A seguir, foi lançado o Windows 7 (2009), que também considero um grande marco e foi muito bem rcebido pelo mercado, mesmo com a base de código do “odiado” Windows Vista! Este sistema recebeu inúmeras melhorias e otimizações, além de estrear em uma época na qual as CPUs multi-nucleares eram mais populares. Tal como o Windows Vista, o Windows 7 contava com inúmeras melhorias visuais e efeitos gráficos 3D, tornando a interface do sistema muito bonita e funcional. Quanto a recursos e funcionalidades, este sistema também evoluiu bem em comparação ao Windows XP (com destaque para as soluções voltadas para a privacidade e segurança) e por isso, foi gradualmente ganhando o seu espaço no mercado. O Windows 7 continuou mantendo uma boa participação de mercado, já que o Windows 8 (2012) não foi muito bem aceito pelos usuários, em vista das mudanças radicais propostas para a sua interface (concebida para o uso de dispositivos de toque).

Fonte: Wikipedia.

Na minha opinião, o Windows 7 foi o melhor sistema já feito pela Microsoft, pois apresenta de forma bem integrada, todos os componentes necessários para um sistema operacional moderno! Ao mesmo tempo, ele também mostrava para a Microsoft de que a fórmula de lançar um novo sistema operacional como produto “diferenciado” a cada 3 ou 4 anos, já estava demostrando sinais de cansaço. E desde a época do Windows XP, os usuários já estavam se mostrando mais resistentes em relação a migração para os novos sistemas, pois o alto grau de amadurecimento de sua interface e a sua excelente usabilidade, deixavam poucos espaços para revoluções em relação aos seus conceitos.

… durante…

Em 2015, a Microsoft lançou o Windows 10, que diferente dos sistemas anteriores, surgiu inicialmente para consertar as “cagadas” do Windows 8: trouxe de volta a sua interface clássica, com o menu Iniciar (apesar de reaproveitar as terríveis tiles) e a Barra de Tarefas, entre outros elementos visuais. Porém, a sua interface sofreu belas reformulações, mantendo vários aspectos relacionados ao design do “odiado” Windows 8. Embora não seja tão atrativo visualmente, estas mudanças na prática representam mais leveza e praticidade (especialmente para os dispositivos móveis). Dentre outras “inovações”, a adoção de recursos típicos de ambientes gráficos disponíveis para sistemas GNU/Linux, como a possibilidade de criar desktops virtuais e oferecer um sombreamento para destacar as janelas de aplicações que estão ativas no momento.

Fonte: Wikipedia.

Até então, a Microsoft já havia “entendido” que o lançamento de novas versões do Windows não seria benéfico para os negócios, já que as constantes mudanças para vender novos produtos, trariam mais insatisfação do que interesse, para os seus usuários. Por isto, ela adotou as bases do conceito SaaS (neste caso, “System as a Service”) e declarou para o mercado de que este seria o último sistema a ser lançado, sendo mantido apenas com atualizações pontuais. Ela também passou a se concentrar na Microsoft Store (que já havia surgido no Windows 8), uma loja designada para vender aplicações, serviços e conteúdos, tal como as lojas da Apple e do Google. Por fim, também havia o interesse de construir “um único sistema para todos os tipos de dispositivos”, tornando-o flexível e versátil para computadores com diferentes tamanho de tela.

No entanto, as atualizações pontuais não funcionaram muito bem na prática, como era esperado: dada a natureza do sistema operacional (uma grande base monolítica de software), além da integração e complexidade de seus componentes, em muitas oportunidades as atualizações traziam problemas para o seu funcionamento, como travamentos, corrupção de dados, impossibilidade de reinicializar e até mesmo novos bugs eram inseridos. Para variar, elas eram impostas pela Microsoft, dando poucas opções para o usuário para gerenciar estas atualizações, tal como acontecia com as edições anteriores. Mesmo utilizando alguns “macetes” para impedir a instalação de atualizações ou ferramentas (da própria Microsoft) para remover aquelas indesejadas, estas eram cumulativas, o que obrigava o usuário a (re)instalá-las para dispor do suporte oficial e/ou obter as mais recentes melhorias proporcionadas ao novo sistema.

… e depois!

Por isso, o lançamento da nova versão do Windows não me surpreendeu (embora também não fosse algo esperado), pois já considerava a possibilidade dela estabelecer um novo marco para o desenvolvimento do seu sistema: os usuários donos de computadores mais antigos (e que não possuem os requisitos “necessários” para rodar o novo Windows 11) terão que se contentar com o Windows 10, que por sua vez irá receber apenas atualizações de segurança até o fim do seu suporte oficial (out/25). Quanto ao novo sistema, ele certamente será otimizado para uma base de computadores mais reduzida e dotada de especificações técnicas melhores, o que certamente irá dar o tom para a adição de novos recursos, funcionalidades e extensões. Quem sabe, até mesmo apresentar novos conceitos e filosofias, em relação ao seu uso?

Fonte: Wikipedia.

O novo sistema apresenta uma nova interface totalmente reformulada (com base nos conceitos da Fluent Design System, concebida para o Windows 10), para atender as necessidades e expectativas dos seus usuários. O Menu Iniciar foi reposicionado para o centro da tela, bem como os demais atalhos para as aplicações mais utilizadas na Barra de Tarefas. A sua interface em geral, possui um “look-and-feel” mais similar ao macOS e sob muitos aspectos, entregará elementos típicos de ambientes gráficos para sistemas GNU/Linux (herdados do Windows 10 e aprimorados desde então). Por fim, as terríveis tiles serão eliminadas definitivamente; porém, em seu lugar retornarão os bons e velhos widgets, apresentados na época do Windows Vista.

Quanto a funções e recursos oferecidos, o Windows 11 se destaca pela maior compatibilidade com os Apps Android (rodando-as nativamente), através da integração de um subsistema com suporte para estas aplicações e por isto, muito provavelmente ele também herdará atributos da interface deste sistema. O Microsoft Teams (solução de videoconferência) também estará integrado e por isso, muito provavelmente teremos novas ações judiciais por partes dos concorrentes quanto a práticas de monopólio. Quanto a segurança, muitas inovações estarão presente, graças a exigência do sistema em contar com a disponibilidade de módulos TPM (Trusted Plataform Module) e Secure Boot habilitados por padrão. Por fim, até mesmo outros recursos foram removidos, como a assistente Cortana e a ferramenta de comunicação Skype.

Fonte: Wikipedia.

Embora seja um novo sistema operacional “de fato”, as regras para a atualização a partir do Windows 10 e versões anteriores continuarão em vigor, desde que o usuário tenha uma licença válida destes sistemas. No entanto, requisitos específicos também deverão ser observados, como a adoção de CPUs x86 mais recentes (Intel Core 8th ou AMD Ryzen 1+), suporte ao UEFI, ao Secure Boot e ao módulo TPM a partir da versão 2.0. Complementa o pacote, a compatibilidade com o DirectX 12, com suporte a drivers WDDM 2.0. Obviamente, não teremos mais edições de 32 bits (já que o mínimo de memória RAM para o sistema é de justamente 4 GB); porém, acredito que o suporte a aplicações de 32 bits ainda seja garantido (ainda sem informações oficiais).

Conclusão

Ainda é cedo para prevermos quais serão os próximos passos da Microsoft em relação ao Windows. Porém, algumas coisas já se apresentam de forma clara e por isto, a inspiração para escrever este artigo, encerrando-o com as minhas perspectivas em relação a seguinte pergunta: o que esperar do Windows 11?

O conceito de SaaS e as atualizações pontuais continuarão em vigor (a prova disso está na possibilidade de realizarmos as atualizações de forma gratuita, DESDE que tenhamos uma licença válida do Windows 7 ou posterior) mas sob um novo sistema de versionamento e com períodos mais curtos, em relação as versões anteriores do Windows. Só não sabemos qual será o esquema de versionamento a ser adotado, sendo mais provável que seja baseado apenas na numeração principal (major releases): assim, teremos em breve um “novo” Windows 12, 13, 14 e assim por diante, mas sem mudanças significativas em relação a versão anterior (tal acontece com os sistemas operacionais Android e iOS).

Outro aspecto importante será em relação a sua forma de distribuição. Acredito que em um futuro não muito distante, o sistema clássico de obtenção de licenças deixará de existir, para dar lugar para as subscrições, tal como acontece com alguns serviços da empresa, como o Office 365 e o Game Pass. Os “piratas de plantão” até poderão realizar a instalação do sistema, através da obtenção das mídias oficiais; porém, eles certamente não terão acesso aos novos recursos e funções avançadas, bem como as correções pontuais “de terça-feira”, caso optem por não pagar a subscrição. Ou ainda, dispor de certas limitações (além de não poder mudar de papel de parede)…

Por fim, com o crescimento da arquitetura ARM e a proliferação de uma grande variedade de computadores, acredito que a Microsoft irá se concentrar no desenvolvimento de um sistema base (sonho antigo da empresa), concebido para rodar em arquiteturas heterogêneas e com diferentes exigências, para que seja personalizado de acordo com o uso em questão, bem como o hardware que irá suportá-lo: de simples dispositivos IoT a poderosos supercomputadores, passando por uma infinidade de equipamentos diferentes! Na prática, veremos algo “parecido” com uma distribuição Linux, na qual o Windows representa o kernel, as bibliotecas e APIs essenciais, complementado por componentes de softwares adicionais.

Seja como for, torço para que a Microsoft se concentre em manter o seu sistema mais simples, leve e funcional, ao invés de deixá-lo pesado, inchado e complexo, como as últimas edições (ao menos para os usuários desktops). Quanto aos recursos extras, estes poderiam ser obtidos diretamente de sua loja oficial (de forma gratuita ou paga). Assim, ela possibilitaria uma instalação rápida e enxuta, ao mesmo tempo em que tornaria a vida dos usuários e especialistas menos complicada em todos os aspectos!

Tal como era nos tempos do bom e velho Windows XP… &;-D

Referências

“Windows 95”, por Wikipedia.
“Windows XP”, por Wikipedia.
“Windows 7”, por Wikipedia.
“Windows 10”, por Wikipedia.
“Windows 11”, por Wikipedia.
“Fluent Design System”, por Wikipedia.