PCs desktops: chegou a hora de uma completa reformulação do design?

Visão geral

Quando se fala em PCs desktops poderosos, a primeira coisa que vêm em mente são aquelas máquinas exuberantes, dotadas de gabinetes enormes, placas-mãe em formato full-ATX e placas de vídeo para lá de compridas (além de ocuparem dois ou mais slots)! Até mesmo os componentes menores como os coolers, chegam a ocupar um espaço considerável, já que muitas vezes são sofisticados e adotam uma série de acessórios, para promover uma completa refrigeração. E se não bastasse o grande volume, ainda temos que considerar o fato de que muitos fabricantes adotam dimensões maiores que o necessário, apenas promover a “grandeza” dos seus produtos!

PC Gamer Origin Big O: uma máquina que traz dois consoles (XB1 e PS4) integrados!

Apesar de serem belas e exuberantes, estas máquinas acabam trazendo alguns inconvenientes desnecessários, com destaque para a grande ocupação de espaço e o aumento do seu preço final. Em muitos casos, a geração de ruído também se torna um fator preponderante: em geral, estes gabinetes são dotados de várias ventoínhas, que com o passar do tempo vão perdendo a lubrificação de seu eixo e fazem mais ruídos, além de vibrarem mais (em geral, os gabinetes grandes são mais suscetíveis a este tipo de problema).

Por incrível que pareça, já existem no mercado uma série de componentes que possibilitam repensar na construção destas máquinas; porém, ainda não temos uma abordagem sistemática ou uma padronização do que poderia ser o novo design dos PCs desktops. Uma coisa é ter componentes e periféricos compactos; outra bem distinta é ter um conjunto destas peças projetadas para um padrão ou perfil bem definido! Apesar disto, é possível dispor de máquinas que adotem novos conceitos em relação ao design, mesmo com base no formato das peças e componentes atuais.

Eis, a proposta do artigo deste mês: seria este o momento de pensar em uma completa reformulação dos PCs desktops em geral?

A placa-mãe e o gabinete

A placa-mãe evoluiu bastante nestes últimos anos. Do padrão AT para o ATX, ela teve profundas mudanças no posicionamento dos seus componentes, privilegiando uma melhor refrigeração para a unidade central de processamento (CPU) e os demais elementos ao seu redor. Apesar de manter basicamente o mesmo tamanho que o padrão AT, o padrão ATX também possibilitou a instalação de placas de vídeo maiores, facilitando assim a montagem de PCs desktops mais poderosos. Por fim, até mesmo a pinagem responsável pela conexão da fonte de alimentação teve mudanças, com a adoção do padrão de 20 pinos (e que posteriormente foi aumentada para 24 pinos) e uma trava especial, para impedir a execução de encaixes fora da posição, evitando assim incidentes desagradáveis…

Placa-mãe Intel SE440BX (Pentium II e III): reparem o tamanho dessa “bagaça”!

Apesar do sucesso do padrão ATX, um outro padrão também surgiu no mercado, com objetivo de promover a construção de novos computadores mais compactos: o ITX. Desenvolvido pela Via Technologies, este padrão se destacava por ser mais compacto, barato e com a integração de componentes em mente. Na época em que o padrão ATX havia surgido (meados da década de 90), era comum as placas mães contarem com vários slots ISA e PCI, para a conexão de placas de expansão diversas, como modem, áudio, controladores, rede e claro, vídeos.

Placa-mãe Gigabyte GA-H77N-WIFI: apesar de compacta, repare que ela adota dois bancos para os módulos de memória RAM tradicionais…

Embora tenha sido desenvolvida inicialmente para o mercado de baixo custo e de PCs compactos, o padrão ITX teve uma ótima aceitação no mercado, tornando-se presente também para praticamente todas as categorias de equipamentos e pasmem, incluíndo até mesmo os PCs desktops designados para executar jogos! Estes por sua vez, passaram a adotar gabinetes feitos para placas mãe neste formato, possibilitando aos jogadores a disponibilidade de opções mais compactas, ao mesmo tempo em que estas entregam uma boa qualidade geral.

Gabinete Cougar QBX Mini-ITX: mesmo com dimensões minimalistas, ele permite a instalação de fontes e placas de vídeo tradicionais.

Mesmo assim, ainda faltam algumas mudanças e otimizações, pois estas soluções em geral são projetadas para o uso de componentes com base nos formatos padrões do mercado. Por questões de compatibilidade, as placas-mães mini-ITX também acabam adotando os mesmos componentes utilizados nos PCs desktops, que por sua vez são baseados no padrão ATX. Dentre eles, podemos destacar as placa de vídeo, os bancos de memória, os slots PCI-Express e até mesmo as unidades de armazenamento.

As placas de vídeo

Apesar de existirem boas placas de vídeo compactas, infelizmente a maioria delas adotam o bracket (espelho) no tamanho tradicional, que por sua vez acaba impossibilitando reduzir a largura do gabinete para comportá-la. O ideal seria dispor de versões low-profile (com o espelho mais curto), tal como as placas de redes que encontramos para gabinetes ultra-compactos. Para variar, as placas de vídeo intermediárias ou avançadas são raras e a relação custo vs benefício das poucas disponíveis não é das melhores. Felizmente, o tamanho dos espelhos não interferem muito no design de gabinetes ultra-compactos e o fato deles serem mais “gordinhos” é algo até interessante, pois possibilitam promover uma melhor refrigeração interna.

nVidia PNY T600: uma placa de vídeo ultra-compacta, voltada para as workstation!

Infelizmente, as placa de vídeo mais poderosas requerem um PCB grande o suficiente para acomodar não só a GPU, como também os módulos de memória VRAM (que não são poucos) e um sofisticado sistema de refrigeração, o qual será responsável por resfriar todos os componentes. Mas por outro lado, existem placas intermediárias que são compactas e funcionais, se encaixando com perfeição em um gabinete compacto, como a nVidia Geforce Aero 3060Ti ou a AMD Radeon RX 6600 XT. Ambas seriam as opções perfeitas para este PC desktop conceitual, já que além do tamanho reduzido, também são placas que consomem bem menos energia, se comparadas com as placas mais poderosas do mercado.

nVidia Geforce AERO 3060Ti: a mais bela placa de vídeo disponível no mercado!

As unidades de armazenamento

Até mesmo as unidades de armazenamento também deverão ser reconsideradas: os HDDs tradicionais de 3.5″ poderão ser perfeitamente substituídos pelos modelos de 2.5″, ao passo que já podemos contar com SSDs que adotam a conexão SATA 3 (e por isso, possuem as mesmas dimensões que os HDDs de notebooks) quanto os novos SSDs que adotam o padrão NVMe. Acredito que a manutenção das duas opções de armazenamento (SATA e NVMe) seria interessante para este novo design do PC desktop, pois além de promover uma maior flexibilidade em termos de arranjo e configurações, também não irão impactar muito no espaço.

HDDs da Seagate para notebooks, de 1 TB.

Por fim, já não haverá mais espaços para os drivers ópticos, pois além de ocuparem bastante espaço, eles já não são mais tão úteis o quanto eram antigamente. Hoje em dia, quem utiliza as mídias físicas?

Os slots e as conexões internas

Apesar de existirem bons módulos de memórias SODIMM, infelizmente boa parte (senão a maioria) das placas-mães mini-ITX adotam o formato tradicional, que por sua vez ocupa um espaço considerável no sistema. Cheguei a considerar o fato de que as memórias tradicionais oferecessem maior quantidade de memória (dado o maior comprimento dos pentes), mas por incrível que pareça, este não é o caso: em geral, podemos encontrar ambos os formatos com a capacidade de 32 GB, embora os módulos tradicionais ofereçam maiores frequências (que na prática, acaba não interferindo tanto na performance geral). Por isto, até hoje não “entendo” porquê os módulos tradicionais ainda existem…

Módulo de memória RAM padrão DDR4 SODIMM Kingston Impact (32 GB).

Já em relação aos slots PCI-Express, estes também poderiam ser reduzidos de tamanho: ao invés de contar com 16 vias, acredito que apenas 8 vias já seriam suficientes! Esta mudança seria muito interessante, pois também promoveria a redução de custos tanto para a fabricação de placas-mães quanto para as placas de vídeo. E mesmo que a sua performance teórica seja reduzida pela metade, na prática ela ainda será mais do que suficiente para dar conta do recado (ao menos, para as placas de vídeo intermediárias)! Sabemos que a cada nova versão do slot PCI-Express, as taxas de transferência de dados dobram. Porém, em muitos benchmarks comparativos, poderemos ver que a partir do PCIe 3.0, os ganhos são praticamente nulos!

Slots PCI-Express de 4x e 16x: reparem em seus respectivos tamanhos…

Os demais componentes…

Em relação aos demais componentes, o maior destaque certamente irá para os monitores. Para o uso em jogos, não há muito o que dizer em relação aos modelos atuais, já que aqueles dotados de tela grande (acima de 24″) são os mais requisitados para o uso destas aplicações. Mas para o uso básico, os tradicionais modelos de 15.6″ são as melhores opções em termos de custos vs benefícios, além de ocuparem pouco espaço na mesa ou bancada. Felizmente, estes dispositivos já são finos e ocupam pouco espaço, bem diferente dos antigos monitores CRTs de alguns anos atrás…

Típico monitor para jogos: de 24″, curvo e com suporte a resolução Full-HD, além de altas taxas de frequência!

Outro destaque importante vai para os teclados, os quais já dispõem de versões compactas e oferecem suporte para conexões sem-fio, dispensando o uso de cabos. No caso dos modelos para jogos, os atuais teclados mecânicos também atendem perfeitamente as necessidades, especialmente os modelos os ultra-compactos que ocupam apenas de 60% a 65% do espaço de um dispositivo comum. Mas no geral, não acredito que as dimensões ultra-reduzidas destes dispositivos vá trazer grandes benefícios para os jogadores em geral. Em suma: escolham o modelo que satisfaçam as suas necessidades!

Típico teclado e mouse compactos e com suporte a conexão sem-fio.

Conclusão

Miniaturizar, eis a palavra de ordem! Nesta proposta de reformulação do design dos PCs desktops (e outras máquinas do gênero), a idéia central é adotar um layout que promova uma melhor utilização do espaço, ao mesmo tempo em que possibilite a redução de custos e traga para o usuário, a satisfação de poder utilizar um equipamento moderno, funcional e bem dimensionado para as suas necessidades.

Dell Precision 3240 Compact: o meu PC desktop dos sonhos, embora “custe os olhos da cara”!

Há +7 anos (2015), abandonei os PCs desktops tradicionais (poderosos, grandes e caros) para usar as máquinas compactas e econômicas, bem delineadas para atender as minhas necessidades. E apesar de algumas limitações em relação a sua performance, posso dizer com todas as letras: foi a melhor coisa que fiz em toda a minha vida! Não só economizei um bom dinheiro (tanto na aquisição de peças e componentes, quanto no consumo de energia), como também ganhei mais espaço na mesa do meu escritório e acima de tudo, tive a satisfação de apostar em um conceito que atendeu as minhas expectativas! Por isto, o meu futuro PC desktop certamente será um ultra-compacto, embora não tenha as dimensões tão reduzidas quanto a minha máquina atual e também um pouco mais… poderosa!

Sem contar que a natureza também agradece… &;-D