Visão geral
Definitivamente, um PC desktop voltado para a reprodução de jogos não é algo barato! Dependendo da qualidade e das especificações técnicas de seus componentes, o seu custo final podem ultrapassar facilmente a casa dos 2 mil dólares. E se tal equipamento for designado para o mercado de entusiastas, o céu é o limite! Mesmo assim, as experiências poderão ser bastante afetadas, se a escolha dos componentes não forem feitas com critérios bem definidos…
Pior ainda, se o usuário não tiver recursos financeiros para bancar a sua tão esperada aquisição! Além de ter as opções de compra limitadas (pois em geral quanto melhor o componente, mais caro ele é), ainda há o risco dele se deparar com produtos sendo vendidos a preços atraentes, mas não entregar aquilo que prometem (não por culpa do fabricante de hardware, mas sim por falta de informações técnicas aliada com a má-fé de muitos vendedores “especialistas”).
Eis, a proposta do artigo deste mês: é possível montar um novo PC desktop só para jogos “bom, bonito e barato”, capaz de executar os principais títulos disponíveis no mercado e mantendo uma boa qualidade visual? Sim! Porém, uma série de imposições (e concessões) deverão ser feitas, para torná-lo adequado ao orçamento modesto de muitos aficcionados que com eu, passaram por algumas dificuldades e contratempos nestes tempos de pandemia.
Os requisitos
Antes de mais nada, precisamos estabelecer os requisitos a serem atendidos, para esta nova máquina de jogos “BBB”. Ela deverá:
- Rodar jogos em definição Full-HD e com +30 FPS;
- Utilizar exclusivamente componentes de entrada;
- Ser baseado nas recentes gerações de hardware;
- Exitir no máximo 300 Watts de potência.
No momento, irei utilizar como referência Amazon (internacional) e os valores em dólar como base, já que a empresa em questão possui uma grande variedade de componentes, além de vender tanto para o mercado local quanto de fora. O uso da moeda americana se dá pela necessidade de estabelecer uma referência padrão, já que a audiência deste modesto site não se limita apenas aos brasileiros (agradecimentos para os desenvolvedores do plugin GTranslate).
Os componentes
As placas-mãe
Para a cotação das placas-mãe, irei indicar as placas da ASUS pela sua grande aceitação e longa tradição em fornecer produtos bons e com preços acessíveis para o público geral. Por isto, vou me basear na linha Prime para indicar placas que sejam designadas tanto para a Intel quanto para a AMD. No caso da Intel, a dica vai para a placa-mãe ASUS Prime H510M-A/CSM (US$ 94.99); já para a AMD, a dica vai para a placa-mãe ASUS Prime B550M-A/CSM (US$ 108.99).
Ambas as placas contam com os recursos modernos, como a compatibilidade para as linhas de processadores Intel Core de 11a geração e AMD Ryzen de 5a. geração, os quais serão indicados nesta cotação. Elas também suportam o barramento PCI-Express 4.0 (mais do que suficiente para garantir a largura de banda para o tráfego de dados entre a placa de vídeo e o sistema), além do trivial. No entanto, a Prime B550M-A (AMD) conta somente com uma única saída de vídeo HDMI. De qualquer forma, estas particularidades não vão fazer muita diferença, já que iremos utilizar placas de vídeo dedicadas.
Processadores
Já para a cotação dos processadores, irei indicar as CPUs Intel Core i3-10105 (3.7 GHz, TDP 65 Watts, 7nm) e AMD Ryzen 3-3100 (3.6 GHz, TDP 65 Watts, 12nm). Ambas possuem 4 núcleos e 8 threads, além de custar respectivamente US$ 158.43 e US$ 132.00.
A unidade da AMD leva algumas vantagens técnicas na comparação, pois é produzida sob uma litografia mais refinada (12nm), possui mais memória cache (18 MB) e suporta memórias DDR4 de até 3200 MHz (a Intel está limitada a 2666 MHz). Já a unidade da Intel, possui velocidades de turbo mais generosas e chega a incríveis 4.4 GHz, ao passo que a unidade da AMD está limitada a apenas 3.9 GHz.
No geral, ambas as unidades são boas CPUs e certamente darão conta das demandas dos jogos mais recentes, já que esta classe de aplicação exigem mais recursos gráficos para serem executados com boa performance geral e por isto, são mais dependentes das GPUs. Muitas vezes, as CPUs de alto desempenho apenas se limitam a entregar alguns FPS a mais e a sua relação custo vs benefício não chega a ser das melhores.
A placa de vídeo 3D
Eis, os componentes mais críticos para a performance geral do PC desktop na execução de jogos, assim como eles também serão os mais caros destas cotações! As placas de vídeo 3D (ou aceleradoras gráficas 3D, como eram chamadas antigamente) são os subsistemas responsáveis pela geração de gráficos em 3D através de cálculos matemáticos, utilizando-se para isto uma unidade gráfica (GPU).
Atualmente, temos apenas a nVidia e a AMD monopolizando este mercado, embora em um passado não muito distante já tivemos outras marcas (e em breve, a Intel também deverá ingressar nele). Para o nosso PC desktop “BBB”, a placa de vídeo a ser indicada será exclusivamente a PowerColor AMD Radeon RX 6500 XT ITX (US$ 199.99). Ela é dotada de uma GPU com 16 CUs (Computer Units), baseada na arquitetura RDNA 2 e possui suporte para a tecnologia Ray-Tracing, além de dispor de apenas 4 GB de memória RAM GDDR6 conectada a um barramento de dados de 64 bits. A modesta placa de vídeo da AMD possui um design bem compacto (voltada para gabinetes padrão ITX) e consome pouca energia (100 Watts).
A nVidia ficou de fora desta lista, por não dispor de uma placa de vídeo de entrada que se encaixe no contexto da nossa máquina, já que a sua principal alternativa (RTX 3050) em geral é bem mais caras, devido a boa reputação desta empresa (o que aumenta bastante a procura). A opção mais próxima em termos de preço seria ZOTAC GAMING GeForce GTX 1650 OC (US$ 229.99), mas ela perde em praticamente todos os quesitos: é mais antiga (2019) e oferece menor poder gráfico. Apesar de levar vantagem no barramento de dados (128 vs 64 bits), as altas frequências da memória RAM utilizadas na placa da AMD atenua bastante esta diferença.
Demais componentes
As memórias RAM escolhidas foram a Patriot Viper Steel (US$ 39.99), as quais são vendidas em um kit com dois módulos de 4 GB com frequência-base de 2133 MHz, mas são capazes de chegar a até 3200 MHz através da tecnologia XMP 2.0 (overclock ativado de forma automática, através de profiles pré-definidos). Os tempos de latência são 15-15-15-36 (base) e 16-18-18-36 (OC) e para evitar problemas de aquecimento, elas já vêm com dissipadores passivos.
Já para o armazenamento, foi escolhido o SSD NVMe HP EX900 Pro (US$ 37.99). Esta unidade possui 256 GB de armazenamento, se conecta ao sistema através dos canais PCI-Express 3.0 (4x), o que lhe dá a capacidade de tráfego de 8 GT/s (leitura de 2150 MB/s e escrita de 1950 MB/s), além de utilizar formato padrão M.2 2280. Embora não sejam informados os detalhes técnicos, esta unidade também utiliza memória cache baseado em DRAM, o que minimiza os desgastes das celulas NAND em processos de gravação de dados, prolongando a sua vida útil.
A fonte de alimentação escolhida para atender as demandas energéticas destes equipamentos foi a Silverstone SX300-B 80 Plus, que apesar da modesta capacidade de 300 Watts, dispõe do selo de qualidade 80 Plus (categoria bronze), o qual garante que o produto em questão sustenta uma eficiência energética de até 82%, para a sua utilização em cargas de trabalho que exijam o máximo. Além disso, o seu formato compacto (125 x 100 x 63cm) também promove uma melhor ventilação interna e maior aproveitamento do espaço do gabinete. Por fim, apesar dela vir apenas com uma única linha de 12V, ela fornece até 25 Amperes para a alimentação do processador e da placa de vídeo, além dos demais componentes eletrônicos.
Quanto ao gabinete, não encontrei opções viáveis no site internacional e por isto, tive que pesquisar mesmo no site nacional. O escolhido foi o Aerocool Mini Cylon (R$ 304,14, que convertidos para dólar, sai a US$ 56.33), o qual possui um formato mini-torre e provê suporte para as placas-mãe padrão micro ATX. A sua construção é sólida e feita com base em uma estrutura de aço, além de ser dotado de um painel lateral acrílico para a visualização dos componentes internos. Embora não seja um gabinete badalado tal como aqueles comercializados pelas marcas tradicionais, ele certamente “dará para o gasto” e não “fará feio” na mesa do usuário.
Para finalizar, vou me abster de indicar os periféricos de entrada e saída, como o monitor, as caixas de som, o teclado e o mouse. O motivo pelo qual faço isto, está nos hábitos diferenciados de cada usuário, bem como as suas necessidades e o poder aquisitivo de cada um (pois o objetivo deste artigo é o de promover a montagem de um PC gamer simples, barato e funcional). Existem aqueles que não abrem mão de teclados mecânicos e mouses ultra-precisos, ao passo que outros não se queixam dos teclados e mouses tradicionais, sem contar ainda que muitos ainda preferem o joystick! O mesmo se dá para o monitor (com várias opções de tamanho e resolução), pois alguns preferem os de mesa ao passo que outros utilizam a boa e velha TV. Por fim, ainda temos que considerar os fones e headfones, além das caixas de som independentes ou embutidas nas TVs.
Conclusão
A “versão Intel” sairá por US$ 587.24, ao passo que a “versão AMD” sairá um pouco mais em conta: US$ 574.81. Ambas se diferenciam por adotar placas-mãe e processadores distintos; em contrapartida, os demais componentes são exatamente os mesmos! Como podem ver, o preço final ficou relativamente alto, já que estamos utilizando componentes de entrada, apesar da boa qualidade geral e o fato de serem itens de gerações mais recentes (especialmente as placas-mãe e o processadores). E se não bastasse, ele poderá aumentar +2x, se o usuário optar pela importação dos itens, pagando os custos extras e as tarifas designadas.
Mas a idéia deste artigo é apenas dar uma noção de custos relacionados as peças e componentes. Obviamente, poderemos pechinchar e adquiri-los por valores mais em conta, embora a redução de preço certamente não será tão impactante. Na minha opinião, um console de entrada como o Xbox Series S (US$ 300.00) sairá bem mais em conta, apesar dos jogos desta plataforma serem comercializados a valores mais altos. Também não se esqueçam de levar em consideração que estes valores foram levantados até o fechamento deste artigo (final de junho/22) e após a sua publicação, possivelmente não estejam mais disponíveis.
E daqui a uns 3 ou 4 anos, faremos um ensaio de upgrade… &;-D