No século passado, a IBM tomou uma decisão que se tornou um marco, na história da Tecnologia da Informação: decidiu promover o uso dos sistemas operacionais Linux em sua linha de servidores! Na época, o sistema era visto apenas como um hobby de linuxers e entusiatas e até então, não era levado à sério pelas grandes corporações até a chegada da Big Blue. A partir de então, todo o ecossistema formado em torno do Linux cresceu de forma exponencial, tornando o sistema um dos grandes pilares que sustenta a Computação em Nuvens…
Porém, os entusiastas do Software Livre tiveram que enfrentar a ira da Microsoft, uma gigante que se estabeleceu no mercado através de vendas de licenças de software e por isto, se viu ameaçada pela popularização das distribuições GNU/Linux e a filosofia do código-aberto. Sob a gestão de Bill Gates e Steve Ballmer, uma série de ações foi patrocinada pela empresa, com destaque para os boicotes a fornecedores, as campanhas de FUDs (Fear, Uncertainty and Doubt), os relatórios parciais Get the Fact e as infundadas ações judiciais relacionadas a patentes de softwares.
No entanto, as coisas não foram muito bem para a Microsoft, que além de ter perdido a batalha contra o Software Livre, ainda teve outras grandes derrotas durante este período. Subestimou o crescimento da Internet e perdeu a supremacia dos navegadores WEB, ignorou o mercado dos dispositivos móveis e viu os seus sistemas voltados para estes equipamentos caírem no limbo e por fim, deixou de ser a grande, poderosa e admirada Microsoft, para se tornar mais uma fria empresa capitalista, de moral questionável perante a sociedade e de popularidade negativa, por causa de suas ações. Bill Gates decide se aposentar e tempos depois, Steve Ballmer é sucedido pelo atual CEO Satya Nadella.
Durante o período da aposentadoria dos antigos líderes, a Microsoft passa por uma grande reformulação, na qual promove uma maior ênfase para a subscrição de serviços “nas nuvens”, deixando as vendas de licenças de softwares em segundo plano: assim, nasce o Windows Azure, que posteriormente se tornou a plataforma Microsoft Azure! A relação da empresa com o Software Livre e o Linux muda de forma radical, passando “amar o Linux” e apoiar o Software Livre, fazendo contribuições e se associando a fundações como a Linux Foundation. Como diz o velho ditado, “se você não vence o seu inimigo, junte-se a ele”!
Apesar desta ser a história da Microsoft, outras empresas que antes baseavam os seus negócios na venda de licenças de softwares (e hardwares), também passaram por transformações parecidas (mas sem os holofotes virados para elas, tal como foi com a gigante de Redmont) em que a Computação em Nuvem passou a dar as cartas e promovida por gigantes da Internet (com destaque para o Google). Para muitos, estas transformações seriam um processo natural de evolução, na qual a Internet teve um grande papel, por dispor das tecnologias & serviços que possibilitam estabelecer a conectividade entre clientes e provedores.
Já para outros (como eu), o Software Livre teve um papel fundamental para o crescimento da Computação em Nuvem! Praticamente todas as empresas apóiam e/ou fazem o uso do Software Livre para promover os seus serviços “nas nuvens”, embora muitos ainda prefiram pronunciar o termo “Open Source” (o qual possui algumas distinções bem significativas). Os sistemas baseados em GNU/Linux (os quais são regido pelos termos de uma licença livre) se tornaram o pilar da infraestrutura na qual as plataformas se sustentam e por isto, arrisco-me a dizer que se não fosse pelo Software Livre, ainda estaríamos vivendo em uma época onde a venda de licença de softwares continuariam “do mesmo jeito que antes”!
Ou talvez, eu esteja “viajando na batatinha (ou maionese)”… &;-D