Em 2009, me matriculei em um bom curso de inglês na Cultura Inglesa. Ao contrário dos demais colegas na época (que desejavam falar fluentemente no idioma estrangeiro), o meu principal objetivo foi aperfeiçoar a minha capacidade técnica de leitura, que até então era bastante restrita a consulta de manuais técnicos e outros simples documentos do gênero. Por ter se formado recentemente na área de TI, já sabia que a minha especialização dependeria disso, já que muitos materiais didáticos – especialmente aqueles voltados para as certificações de TI – só se encontravam disponíveis em inglês…
O que eu não esperava, é que o inglês também se tornou uma grande ferramenta de aprendizado e através dela, passei a me sentir mais confortável para o uso no aprendizado, a partir do momento em que comecei a ter um certo domínio por este idioma! A sua estrutura gramatical (mais simples que a do português) “obriga” a construção de textos mais direta e pontual, tornando-a mais fácil para entender, além de mais agradável para assimilar conteúdos. Combinada com um vocabulário mais reduzido (como são os casos de literaturas técnicas) e palavras que em geral são mais curtas, sem variações de gênero e verbos com poucas mudanças de conjugação, o inglês definitivamente é mais (bem) fácil que o português!
Acreditem se quiser: eu utilizo preferencialmente o inglês (ao invés do português) para os meus estudos! Obviamente, para aqueles que tem o português como língua materna, aprender outra língua não é algo que pode ser considerado fácil ou trivial (mesmo que ainda seja considerada mais acessível, se comparados com outros idiomas), ainda mais se ele tiver origens diferentes da língua materna, como é o caso do inglês (anglo-saxônica) se comparado com o português (latina). E por mais que dominem a língua estrangeira, dificilmente terão a mesma sensação de conforto e familiaridade, que a língua materna oferece.
Há +10 anos, havia comprado o meu primeiro leitor de ebooks, para acessar os livros e as publicações designadas para a área de Tecnologia da Informação. Embora já tivesse o conhecimento de que os melhores materiais didáticos estavam disponíveis somente para o inglês, até então não havia me dado conta que não há tantos conteúdos para o português! A partir de então, comecei um lento processo de adaptação e costume, para desenvolver a minha leitura neste idioma e confesso que nos primeiros anos, isto foi um pouco “complicado”. Mas como já havia dito anteriormente, a minha maior surpresa mesmo foi ter me adaptado tão bem ao inglês para a leitura de textos técnicos, que passei a preferir este idioma!
Por outro lado, o mesmo não se dá para os textos de cunho geral, os quais geralmente possuem um vocabulário mais extenso, além da possibilidade de serem mais subjetivos. Neste último aspecto, o português se sobressai melhor que o inglês, por ser uma língua que possui suas expressões idiomáticas e riqueza vocabular, tornando-se mais “adequada” para transmitir idéias abstratas e com certas nuances. Não é que o inglês também não possibilite isto, mas por se tratar de textos que possuem estruturas gramaticais mais complexas, (acredito que) a balança definitivamente pesa para o lado do português. Inclusive, posso estar enganado em relação a isto, já que não sou especialista no assunto…
Eis, a minha dica: experimentem usar o inglês para a leitura de materiais técnicos e didáticos, com o objetivo de promover um melhor aprendizado (mesmo que haja uma versão em português para estes conteúdos)! Tenho feito isto desde então e os resultados têm sido (para mim) bem mais interessantes (tanto em termos de assimilação de conteúdo, quanto na velocidade de leitura). Claro que para cada indivíduo, o resultado será diferenciado e provavelmente, a maioria vai preferir voltar para a língua na qual se sentem mais confortáveis. Ao menos, façam um pequeno esforço, pois garanto que não vão se arrepender!
Além do mais, poucos dominam o português “de fato”… &;-D