Eis, um evento “histórico” que presenciei no mês passado: próximo ao meu humilde condomínio, foi realizada a instalação do cabeamento de fibra óptica por uma empresa terceirizada pela Oi, que por sua vez em breve irá oferecer banda-larga de 200 megabits para os moradores da região. Embora a velocidade de tráfego e o preço relativamente em conta sejam atrativos, já estou prevendo uma série de problemas e inconvenientes por partes dos usuários…
De início, a maioria dos usuários irão compartilhar a conexão através de um roteador wireless, que por sua vez é baseado no padrão N e com apenas um único transmissor (antena), o que limitará a velocidade de tráfego para “apenas” 150 megabits. Considerando as perdas de transmissão e problemas relacionados ao padrão tecnológico, certamente veremos esta velocidade sendo reduzida ainda mais, o que impedirá do usuário usufruir de toda a banda contratada. A solução mais prática seria adquirir um roteador mais potente, mas isto terá que sair do bolso do usuário (pois certamente a operadora não vai bancar).
Outra possibilidade seria adotar o padrão AC (pois oferece maior velocidade), mas ainda teríamos problemas com o alcance do sinal para os cômodos mais distantes da residência, pois a faixa de 5 GHz é mais suscetível a atenuação e baixo alcance. Na prática, veríamos a sua velocidade de tráfego ser reduzida consideravelmente, sendo possivelmente menor que os 200 megabits da banda contratada. Por fim, dada a natureza das redes sem-fio e o seu método de acesso, certamente teremos problemas de latência e jitter para serviços que exigem qualidade e acesso em tempo real (por exemplo, jogos multiplayer e streaming).
Teoricamente, veremos um monte de reclamações por parte dos usuários, no que concerne ao uso total da banda contratada e a promessa de execução de serviços relacionados. No entanto, dada a ignorância dos usuários e o fato de que taxas de banda menores atenderem perfeitamente as suas necessidades (por exemplo, o Google Stadia requer “apenas” 35 Mbps de conexão para rodar jogos via streaming em 4K@60FPS), possivelmente estes problemas sequer serão percebidos; ainda assim, será interessante ver como o mercado se comportará nestes cenários ou ainda, os usuários perceberem de que não necessitam de mais de 25 Mbps!
Partindo do princípio de que a Oi oferecerá um bom serviço… &;-D