“Bem feito”? Eis, um relato das experiências de um jogador aficcionado…

… pelo Valve Steam Deck, que resolveu trocar a tela do console portátil para dispor de maior resolução! Há tempos, venho “batendo na tecla” ao dizer que para a categoria dos consoles portáteis, a adoção de uma tela LCD com resoluções consideradas baixas (ao invés de Full-HD) seria o ideal para garantir que esta classe de dispositivos seja capaz de rodar os jogos modernos, sem comprometer a qualidade. Pois além de oferecer uma definição decente para as telas pequenas (de 6 a 8 polegadas), ela exigirá um menor consumo de recursos computacionais…

Em geral, quanto maior a resolução, melhor será a qualidade final da imagem renderizada pelo sistema computacional, já que irá dispor de mais pixels para representá-la na tela. No entanto, esta regra é válida somente se levarmos em consideração, a combinação de três fatores: a resolução, o tamanho e a distância entre a tela e o usuário. A partir de determinados valores, o aumento da resolução não irá oferecer os mesmos ganhos proporcionais na qualidade da imagem, já que se tornará mais difícil visualizar os pixels, em virtude da sua diminuição de tamanho. Mesmo assim, tem muita gente que teima em questionar esta simples lógica.

Recentemente acompanhei o “causo” de um colega que me procurou, para tirar algumas dúvidas em relação a otimização de performance neste console. Para manter a discrição (e salvar a sua reputação de “inteligente”), vou chamá-lo de “Jumentim”. Apaixonado pelo seu console Valve Steam Deck, a maior crítica feita por ele em relação a este portátil, estava na modesta resolução oferecida pela sua tela LCD. Com 7.4″ de diagonal e definição HD 16:10 (1280×800), Jumentim acreditava que se trocasse a tela por outra dotada de definição Full-HD (1280×1200), a qualidade de exibição iria ter um salto considerável. Mas…

Embora tenha realmente melhorado neste aspecto (até mesmo pelo fato da nova tela ter qualidades adicionais que a tela original do SteamDeck não possuía), o console passou a ter mais dificuldades para rodar os jogos mais modernos, em vista da maior resolução gerar 2,2x mais pixels que a antecessora. Se antes, a maioria dos jogos rodava sem maiores dificuldades acima de 30 FPS (valor mínimo para uma boa experiência em termos de fluidez de imagem), posteriormente o console passou a “sofrer” mais e por isto, os ajustes na qualidade passaram a ser mais frequentes, para compensar a maior resolução.

Na prática, a troca da tela acabou trazendo mais problemas e inconvenientes, do que soluções. Embora a nova tela tenha dado uma nova vida para os jogos mais antigos (e mesmo assim, a diferença na prática não foi tão grande), o console já não era mais capaz de entregar uma taxa de quadros aceitável. Além disso, a qualidade final das imagens sofreu uma queda, já que para otimizar o desempenho nesta resolução, foi necessário reduzir e desativar vários recursos gráficos. Por fim, até mesmo a autonomia do dispositivo foi afetada, pois além de consumir mais energia, a definição Full-HD também exigia mais do hardware.

E agora, vem a parte mais interessante: por não suportar de forma decente a execução na definição Full-HD, muitos jogos tiveram que ser ajustados para rodar em HD, inviabilizando assim todo o investimento feito para a troca da tela! Para variar, a qualidade da imagem também acabou sendo afetada, já que os LCDs foram feitos para serem utilizados na sua resolução nativa. Como alternativa, sugeri ao Jumentim verificar a possibilidade de usar uma definição ainda menor e ativar o suporte para a tecnologia FidelityFX Super Resolution (FSR). O pobre coitado quase surtou comigo e desde então, ele não entrou mais em contato…

Então, os novos consoles portáteis deveriam também adotar a definição HD, ao invés de Full-HD? Pessoalmente, acredito que sim! Além de entregar uma resolução suficiente para uma boa exibição, esta definição também trará outras vantagens interessantes, como o baixo custo de produção e o menor consumo de energia (especialmente, para uma categoria de dispositivos relativamente cara). Porém, com a evolução das tecnologias designadas para a ampliação da resolução, como a AMD FSR (FidelityFX Super Resolution) e a Nvidia DLSS (Deep Learning Super Sampling), na prática esta questão acaba até certo ponto, perdendo o sentido.

Mas, se algum fabricante oferecer portáteis com suporte para 4K… &;-D