Muitas literaturas e editores (inclusive eu) utilizam o termo “GNU/Linux” para se referir a qualquer distribuição Unix que utiliza o kernel Linux (criado e mantido por Linus Torvalds) e agrega as ferramentas do Projeto GNU (idealizado por Richard Stallman). Isto é feito com a finalidade de dar os devidos créditos para aqueles que de fato o merecem, pois apesar do Linux estar no centro de todo o ecossistema do Software Livre, nada disto teria se realizado se não fosse a iniciativa de Richard Stallman e os colaboradores do Projeto GNU…
Uma simples distro GNU/Linux contém (além do kernel Linux), os componentes de softwares essenciais para o estabelecimento de um sistema completo e funcional. Dentre eles, está o interpretador de comandos (BASH), as bibliotecas (GNU C Library) e os compiladores (GNU Compiler Collection) para o desenvolvimento de programas, além de uma série de utilitários para o sistema (como o ls, grep, awk, make e ld). Se não fossem os problemas técnicos e as divergências em relação ao kernel GNU Hurd, talvez o kernel Linux sequer teria existido!
Existem distros GNU/Linux para uma série de finalidades, mas no geral os componentes essenciais estarão lá. Exceto uma: eis, o Chimera Linux! Esta se diferencia por não utilizar praticamente nenhuma peça de software provida pelo Projeto GNU em sua infraestrutura de software (daí a declaração do sistema ser um “Linux sem GNU”), optando por substituí-los por equivalentes encontrados em sistemas BSDs. Apesar disto, alguns softwares GNU (como o make) ainda se fazem necessários para o sistema e por isto, são mantidos “por ora”…
Além disso, os seus criadores também destacam que o sistema foi concebido para ser “limpo e consistente”, eliminando todo e qualquer software ou biblioteca de legado, preferindo soluções modernas como o Wayland (servidor gráfico) e o PipeWire (servidor de áudio). Apesar da sua simplicidade e objetividade, o Chimera Linux não é classificado explicitamente como um sistema minimalista, já que os seus desenvolvedores não desejam remover recursos e funcionalidades que apesar de dispensáveis, são importantes para várias classes de usuários e aplicações.
Por fim, o sistema utiliza um gestor de pacotes próprio (APK 3.0), que por sua vez é capaz de gerenciar tanto os pacotes binários pré-compilados, quanto construir os pacotes binários através do código-fonte disponível, utilizando para isto um sistema baseado em Python e tecnologias de containers e namespaces do Linux, para minimizar os problemas relacionados a segurança. A gestão da inicialização também abre mão do systemd em prol do dinit, em virtude do seu equilíbrio de recursos, simplicidade e facilidade de uso/implantação.
Curiosos? Confesso que estou! Apesar de ser contra a existência de um monte de distribuições GNU/Linux (que mais fragmentam a plataforma do que trazem novidades e inovações), achei bem interessante a proposta deste projeto, pois diferente dos sistemas tradicionais (que na grande maioria das vezes, é baseado no Debian, Ubuntu ou Fedora e só trazem mudanças pontuais), o Chimera Linux de fato apresenta um grande diferencial. E apesar das grandes contribuições do Projeto GNU, a sua comunidade ainda é bastante “tradicional” quanto a filosofia Unix, o que em muitos casos acabam “travando” as novidades e inovações!
A ascensão do systemd foi um belo exemplo disso… &;-D