Há muitos anos, numa época em que a Microsoft “odiava” o Linux e promovia uma série de propagandas FUD (“Fear, Uncertainty and Doubt”) para desacreditar este sistema, a empresa também fazia o uso de campanhas legítimas como o TCO (“Total Cost of Ownership”), a qual levava em consideração não só o custo da aquisição de produtos (no caso, as licenças de uso do sistema operacional Windows), como também os custos relacionados como o treinamento, a manutenção e o suporte, entre outros que envolvem a vida útil de um software…
Confesso que os bons argumentos promovidos pela empresa e as experiências profissionais que tive ao trabalhar com ambos os sistemas, me fizeram levar em consideração o TCO sob diversos aspectos. Inclusive, passei a adotar uma postura mais conservadora em relação a promover o uso de sistemas GNU/Linux em geral, incentivando aqueles cenários em que tinha a mais absoluta certeza de sucesso, ao passo que recomendava a manutenção do uso do sistema proprietário nos demais. Este é o principal motivo pelo qual, digo que o sistema é bom para usuários medianos.
Mas nestes últimos tempos, em vista de uma série de problemas que a edição atual do Windows vem enfrentando (atualizações problemáticas, restrições para a sua migração, sistema inchado e pesado, etc), manter um sistema operacional Windows em pleno funcionamento se tornou uma grande dor de cabeça, nos obrigando a rever os estudos de TCO que até então, a própria empresa declarava ao seu favor! Por um lado, eles ressaltam a necessidade de dispor de profissionais especializados para gerenciar instalações de sistemas GNU/Linux; por outro lado, eles parecem ignorar as constantes necessidades de intervenção para a manutenção do Windows…
Nestas duas últimas décadas, o Windows praticamente não teve grandes melhorias sob diversos aspectos, além das edições mais recentes terem até mesmo regredido em relação a usabilidade e facilidade de uso do sistema (aqueles que já usado do Windows 8 em diante, sabem perfeitamente do que estou falando), enquanto que as distribuições GNU/Linux não só evoluíram nestes aspectos, como também passaram a contar com um ecossistema de aplicações e serviços ao seu dispor. O LibreOffice que até então, era uma alternativa “quebra-galho” para a substituição da suíte de escritórios Microsoft Office, se tornou bom o bastante para substituí-lo sem maiores inconvenientes, sem contar ainda as outras alternativas disponíveis.
Se antes, as iniciativas em prol da migração para o Linux & Software Livre fracassavam, agora elas têm mostrado justamente o contrário, como é o caso de algumas instituições governamentais da Europa. Além disso, as distribuições GNU/Linux não só se mostraram mais amigáveis ainda (como as tradicionais Ubuntu, Mint e Manjaro), como também acabaram surgindo opções diferenciadas (Zorin OS, Elementary OS e Pop!_OS) que realmente, trouxeram inovações. O suporte para a execução de jogos não só melhorou, como também passou a desafiar o próprio Windows, como é o caso dos sistemas voltados para os consoles portáteis.
Voltando ao título da matéria: “ah, mas o Linux é complicado de se adminstrar”! Pode ser. Mas além dos sistemas estarem se tornando mais amigáveis (ainda), eles continuam sendo robustos e confiáveis o suficiente para garantirem as boas experiências de uso nas estações de trabalho. Além disso, mais profissionais de TI estão se especializando na administração do sistema, em vista da necessidade de conhecimentos técnicos para a sua gestão em ambientes na nuvem. Por fim, até sua base de usuários teve um leve aumento nestes últimos anos, embora nem sempre estável.
Linux ou Windows? Você decide! Mas não levem em consideração os TCOs… &;-D