Lamento dizer, mas isto não será mais possível! Nas habituais atualizações diárias de pacotes que faço para o Debian GNU/Linux (o meu sistema operacional preferido), sempre procuro observar os pacotes que são removidos durante todo o processo (através do comando “apt autoremove –purge”). Nesta última semana, a “vítima” foi o “gnome-classic-xsession”, o qual é designado para prover a exibição do ambiente gráfico GNOME no modo Clássico, com base no antigo servidor gráfico X.org…
O GNOME “Clássico” é uma extensão oferecida pelo GNOME Shell, que tem o objetivo de trazer de volta as “boas” experiências da antiga interface do GNOME, antes da sua total reformulação a partir da versão 3. Em vista das mudanças radicais que o GNOME “Moderno” propôs para a usabilidade geral do ambiente gráfico, muitos usuários ainda se sentiam mais confortáveis com a abordagem clássica do GNOME 2. Além disso, este ambiente gráfico não estava com a sua interface totalmente estável e refinada, tal como se encontra nos dias de hoje.
Já o suporte para o antigo servidor gráfico X.org se tornou “necessário”, em vista da falta de amadurecimento e de drivers providos pelo atual servidor gráfico Wayland. Isto afetou muito os usuários que possuem equipamentos dotados de iGPUs e placas de vídeo não suportados de forma plena por ele, já que durante um bom tempo o Wayland ainda estava em estágios iniciais de desenvolvimento. Diferente do X.org, o Wayland é um subsistema mais simples, moderno, seguro e eficiente, além de oferecer uma maior performance na gestão da exibição gráfica.
Por isto, muitas distribuições até hoje ainda mantêm a retrocompatibilidade com este servidor, além de prover ambientes e interfaces gráficas com todo o suporte para utilizar o (não tão) “bom e velho” servidor X.org. Combinado com o uso da extensão do GNOME Shell para dispor do GNOME Clássico (e todas as “boas” experiências de uso proporcionadas por ele), temos uma combinação perfeita para aqueles usuários mais conservadores (como é o caso do ambiente corporativo).
Mas pelo visto, estes dias estão chegando ao fim: com a evolução do Wayland e em virtude das contínuas melhorias proporcionadas para o GNOME atual (o qual na minha opinião, revolucionou a usabilidade, além de prover um melhor suporte na infraestrutura de software), já não faz mais sentido manter o suporte para a retrocompatibilidade oferecidos pelo X.org, além do GNOME Classic. Por isto, muitas distribuições já estão abandonando aos poucos, a utilização deste antigo servidor gráfico, além de se concentrarem em oferecer as melhores experiências de uso possível, através da integração do GNOME na distribuição.
No caso do Debian, pelo visto esta mudança será para valer: o pacote “gnome-classic-xsession” já não se encontra mais disponível para esta renomada distribuição e até mesmo uma simples busca (através do comando “apt show”), já não exibe mais as informações relacionadas a ele. Inclusive, os desenvolvedores do GNOME já estavam promovendo as mudanças necessárias, para que o Wayland se torne exclusivo para este ambiente gráfico em futuras versões. Porém, acredito que o X.org ainda estará disponível por um bom tempo nos repositórios do Debian, já que (por algum motivo) ele ainda continua sendo mantido (certamente, como opção de backup).
Sim, ficará na lembrança os “bons tempos” em que era necessário configurar o servidor gráfico X “na unha” (e toda a ansiedade causada pelos possíveis problemas técnicos, caso houvessem falhas na configuração das frequências de varredura, as quais podem ocasionar a queima do monitor CRT), além das primeiras experiências de uso do próprio GNOME (pois apesar de preferir o KDE 3.x, isto não quer dizer que ele era ruim). Apesar de todo o sentimento nostálgico proporcionados por estes softwares, já era tempo de romper com estes laços e caminhar para a modernidade, através do Wayland e as edições atuais do GNOME.
Mas se ainda desejarem uma experiência “old school”, usem o Xfce… &;-D