Vale à pena comprar uma placa de vídeo de entrada atualmente?

Antigamente, nem sequer titubeava para responder a esta pergunta: SIM! Diferente dos IGPs, as placas de vídeo “offboard” contavam com uma GPU independente e sistema de memória RAM dedicado que, apesar de serem baseadas em tecnologias inadequadas (DDR2 ou DDR3) e de serem dotadas de barramentos estreitos (64 bits), ainda assim entregavam uma performance superior, se comparadas com os IGPs. Estes últimos não só são limitados por causa do compartilhamento da memória RAM com a CPU, como também possuem capacidade limitada por questões de custos de fabricação…

No entanto, parece que a era das VGAs de entrada está chegando ao fim. Os IGPs atuais evoluíram bastante, chegando ao ponto de rodar jogos modernos em resolução HD a taxa de quadros a 30 FPS (embora com qualidade gráfica baixa ou média), o que era algo impensável há alguns anos! Para variar, alguns jogos são otimizados para utilizarem poucos recursos computacionais, tornando-se aptos para serem executados tanto em PCs de entrada com IGPs quanto em portáteis com gráficos discretos, além dos dispositivos móveis. Por fim, a tendência é de que estas placas sejam as primeiras a serem cortadas das cadeias de produção, devido ao racionamento de suprimentos para a indústria de semicondutores.

Apesar da Intel ser o maior fabricante de IGPs no mercado (dado o grande volume de venda de CPUs com estas unidades), até então o seu desempenho era bem abaixo das soluções oferecidas pela AMD. Mas a partir da série Iris Xe (a sua 12a. geração de GPUs, também conhecida como Gen12), a Intel promoveu um grande evolução para estas unidades gráficas, tornando-as tão boas quanto as soluções oferecidas pela própria AMD (senão melhores), além de se equipararem com as soluções discretas da nVidia para dispositivos portáteis. Em suma: não precisamos mais de placas de vídeo dedicadas, se desejarmos rodar os jogos atuais em nossos computadores! Desde que sejam feitas algumas concessões…

Mas por incrível que pareça, quero mesmo é contar uma placa de vídeo de entrada! Esta, seria a Intel Iris Xe DG1, uma peça de hardware sem sistema de ventilação ativa (fanless), que possui uma GPU dedicada com 80 unidades de execução (EUs), rodando na velocidade de 1.5 GHz e com TDP de apenas 30 Watts, além de 4 GB de memória RAM LPDDR4. Embora possa ser bem atendido por um IGP, o meu interesse nesta placas seria por um motivo bem simples: puro colecionismo! Para os entusiasta de hardware (como eu), esta peça representará um marco histórico para a computação pessoal, já que desde 1998 a Intel não fabrica uma placa de vídeo. Será ela, a VGA que irá (re)inaugurar a entrada de um grande fabricante neste segmento, para rivalizar com as tradicionais nVidia e AMD/ATI!

Obviamente, ela também terá as suas utilidades práticas. Por exemplo, uma placa dedicada possibilitará aumentar o desempenho geral do PC desktop, já que as CPUs teriam acesso exclusivo ao subsistema de memória RAM e seu barramento, não necessitando mais competir com os IGPs por estes recursos. Para variar, muitas aplicações de propósito geral poderão fazer o uso da aceleração gráfica, como é o caso do navegador WEB Firefox e da suíte de escritório LibreOffice, os quais certamente serão executados de forma mais eficiente. Posso até mesmo considerar a utilização de aplicações que tiram proveito de APIs como o OpenCL, bem como executar processos como compactação, criptografia e edição de imagens!

Há tempos desejo dispor de um PC desktop capaz de rodar jogos mais antigos e disponíveis exclusivamente para esta plataforma (e matar as saudades dos tempos em que era um PC gamer), além de poder tirar proveito de certas liberdades somente oferecidas por ela, como customizar as configurações gráficas e implementar modificações não-oficiais. A Bethesda possui IPs como Fallout e The Elder Scrolls, os quais já possuem títulos que podem rodar sem maiores inconvenientes nesta placa de vídeo, além de poder contar com inúmeros mods e addons, os quais acrescentam bastante aos jogos em questão. Por fim, quando a sua vida útil chegar ao fim, ela será guardada, como uma legítima peça de museu!

Seja como for, uma coisa é (quase) certa: o meu novo PC desktop irá contar com a nova arquitetura gráfica Intel Iris Xe, seja através de uma placa de vídeo de entrada (o que seria a opção preferencial) ou um IGP integrado à CPU (caso o seu custo de aquisição seja alto demais). Além de ambas atenderem as minhas necessidades, ainda terei a vantagem de contar com bons drivers abertos para a minha plataforma favorita: o Linux! Uma pena que a aquisição desta placa será algo complicado, pois ela será designada apenas para desenvolvedores de softwares e montadores OEM, não sendo disponibilizada para o público geral.

Em tempo: ela me lembrou da minha saudosa ATI Radeon 2400XT… &;-D