Há tempos, muitos analistas acreditam que a filosofia do Software Livre teria um apelo especial para as nações emergentes, especialmente aquelas que desejam se libertar da dependência tecnológica, em prol da soberania digital. Para variar, muitas delas também consideram os aspectos relacionados a segurança nacional no espaço digital, uma vez que softwares de código proprietário não podem ser auditados e portanto, se tornam suscetíveis a espionagem somente pelo fato de usá-los. Por fim, também existem o impacto na economia local, já que não seriam obrigados a pagar por licenças e subscrições…
“The document instructs China’s financial sector players to use FOSS whenever they feel it is apposite, to contribute to FOSS projects, and to respect the licences under which such software is published. Financial institutions are also encouraged to collaborate with tech companies, universities and other institutions on FOSS efforts. China’s especially keen for its financial institutions to work on operating systems, databases, middleware, cloud computing, big data, artificial intelligence, and blockchain projects.”
— by The Register.
A China há tempos já vem promovendo ações em prol destas mudanças! Neste caso, duas organizações importantes do país – o Banco Popular da China e a Administração Central do Ciberespaço – estão incentivando os as empresas e instituições do setor financeiro a “usar o FOSS sempre que acharem apropriado, a contribuir com projetos de FOSS e a respeitar as licenças sob as quais esse software é publicado”. Além disso, estas organizações também deverão ser vigilantes, criando comitês internos para avaliar a segurança de FOSS e revisando as cadeias de suprimentos de software. Por fim, eles também deverão ficar “de olhos abertos” em relação a problemas relacionados a violações de propriedade intelectual e as litígios de patentes de softwares.
Embora não seja obrigatório (já que o país é submetida a um regime ditatorial), o incentivo será forte por parte do governo local, em vista dos seus esforços em relação a independência e soberania digital. Para se ter uma idéia do impacto do Software Livre (e de Código Aberto), as empresas de telecomunicações e gigantes da WEB, como a Baidu e Tencent, estão entre os maiores usuários do OpenStack do mundo e sua existência ajudou todos a atingir uma escala extraordinária em um tempo muito curto. Dados os imensos benefícios trazidos pela adoção do Software Livre, estes novos decretos para a comunidade de serviços financeiros acabaram se tornando algo “nada surpreendente”…
Não só a China se movimenta em prol do Software Livre: a Rússia, as Coréias e até mesmo o Brasil (na época, sob a liderança de governantes do PT) também protagonizaram esforços para promover a adoção do Software Livre em órgãos e instituições nacionais, apesar das coisas andarem “devagar” nestas terras tupiniquim! Inclusive, tanto a Rússia quanto a China pretendem dispor do seu próprio sistema operacional, para substituir as soluções baseadas no Windows e Android, respectivamente. No primeiro caso, isto se dá por questões de segurança nacional; já no segundo caso, o principal motivo está no fato dos Estados Unidos promoverem embargos contra as empresas chinesas, como a Huawei.
Quem sabe, um dia teremos um sistema nacional baseada no Debian? &;-D