Em nome da diversidade cultural, Alice e Bob serão “dispensados”?

Para aqueles que não sabem, a Inclusive Naming Initiative é uma iniciativa global a qual tem como objetivo, substituir os nomes e os termos empregados em um contexto social “sensível”, os quais geralmente possuem significado ofensivo, repreensivo, pejorativo ou segregador, para determinados grupos minoritários. Alguns exemplos clássicos de termos indesejados são: mestre e escravo; matar e abortar; blacklist e whitelist; entre outros…

“The names Alice and Bob were used to represent two users of a public key cryptography system, described in a 1978 paper by Ronald Rivest, Adi Shamir, and Leonard Adleman, ‘A Method for Obtaining Digital Signatures and Public-Key Cryptosystems.’ And since then, a variety of other mostly Western names like Eve – playing an eavesdropper intercepting communications – have been employed to illustrate computer security scenarios in related academic papers.”

— by The Register.

O que não esperava é que “sobrou” até mesmo para Alice e Bob! Estes são nomes bastante utilizados em segurança de dados, para representar dois usuários de um sistema de criptografia assimétrica, o qual foi descrito em um artigo publicado por Ronald Rivest, Adi Shamir e Leonard Adleman. Eles foram os criadores do algoritmo RSA (Rives, Shamir e Adleman), que por sua vez é bastante difundido e utilizado para troca de dados de forma segura, utilizando técnicas de criptografia. Dentre as operações suportadas, estão o acesso a páginas WEB, a autenticação de usuários e a execução de transações bancárias, entre outras.

Um grupo de trabalho da Escola de Informática, que faz parte da Universidade de Edimburgo (Escócia), propôs “evitar o uso de nomes predominantemente ocidentais” (como Alice e Bob), com o objetivo de “descolonizar” o currículo de Informática. O documento em questão consiste em um arquivo no formato PDF, o qual descreve as atividades e discussões do grupo de trabalho, formado pelos professores Cristiana-Adriana Alexandru, Kobi Gal, Jane Hillston, Nadin Kokciyan e Vijay Nagarajan. Este último também atua como Diretor de Igualdade, Diversidade e Inclusão, na instituição em questão.

Então, qual nome utilizar? Acaso, teremos alguns que seja neutros e aceitáveis para todas as culturas? Ou então, teremos que referenciá-los através de pseudônimos como “Mr. X” e “Mrs. Y”. Para variar, nem todas as civilizações ou culturas, utilizam o alfabeto clássico tal como o conhecemos! Felizmente, estas são apenas recomendações (e não regras) em prol dos esforços feitos pela Universidade de Edimburgo, já que ela “não possui políticas ou regras específicas que estipulem que os nomes ‘Alice’ e ‘Bob’ não devam ser usados ​​no contexto da literatura de segurança de computador”.

Embora não pertença (exatamente) ao mesmo contexto, há alguns anos tivemos no Brasil alguns problemas relacionados ao uso de nomes pessoais em propagandas do Governo, para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, na qual ele era utilizado em referência ao órgão sexual masculino. Na época, muitas pessoas chamadas Bráulio se sentiram constrangidas e promoveram ações na justiça por danos morais, já que muitos se tornaram alvo de brincadeiras e gozações por causa da propaganda. Porém, a Justiça não deu um parecer favorável aos autores das ações, embora a propaganda tenha sido suspensa.

Se eu fosse a Eve, ficaria “de butuca”… &;-D