O grande diferencial da distribuição Debian em relação as demais, está em sua ênfase de disponibilizar um sistema operacional livre, completo e funcional, que esteja 100% livre de código proprietário! Porém, o mesmo não se pode dizer em relação ao kernel Linux e seus drivers, pois para que o sistema seja suportado plenamente pelo hardware, os seus desenvolvedores acabam sendo “obrigados” a adotar blob binários (componentes de drivers de código-fechado)…
“We will include non-free firmware packages from the ‘non-free-firmware’ section of the Debian archive on our official media (installer images and live images). The included firmware binaries will normally be enabled by default where the system determines that they are required, but where possible we will include ways for users to disable this at boot (boot menu option, kernel command line etc.).”
— by Debian Vote.
Este foi o principal motivo pelo qual o guru Richard Stallman possui uma certa “implicância” com Linus Torvalds em relação ao desenvolvimento do kernel Linux, além de ser também a principal razão pela qual o Projeto GNU promove iniciativas que garantam a liberdade do usuário, como o kernel Linux-libre (mantido pela FSF da América Latina). Apesar de ser uma iniciativa “bonita de se ver” em termos filosóficos, na prática as coisas são bem “diferentes”: 2/3 do kernel Linux é composto por drivers e alguns destes componentes são proprietários, para que boa parte dos equipamentos comercializados possam rodar o Linux. Se com eles já é ruim…
Por isto, para acabar com os problemas relacionados a instalação do sistema em hardwares que não possuam suporte para drivers livres (como as placas de redes sem-fio que não estabelecem conexões para baixar os pacotes e as atualizações), a próxima edição do Debian GNU/Linux terá os drivers proprietários inclusos nas imagens oficiais para a instalação do sistema. A decisão em questão foi tomada após uma votação feita pela sua comunidade, na qual também foi estabelecida uma alteração do seu contrato social: a partir de agora, ela também terá uma emenda notificando sobre a inclusão dos malditos firmwares “não-livres”.
A partir de agora, o instalador irá implementar os drivers proprietários sempre que for essencial para o funcionamento do hardware em questão. Obviamente, os drivers de código aberto serão priorizados, caso estes estejam disponíveis e estejam plenamente funcionais. Mesmo que o indesejado driver proprietário seja instalado, a distribuição fornecerá maneiras de desativá-los posteriormente, seja através de uma opção no menu de inicialização, um comando a ser invocado pelo terminal, etc. Por ora, tais drivers ainda são “um mal necessário”…
Pessoalmente, sou um linuxer que se enquadra mais no “perfil Torvalds”, em relação a convivência com o software proprietário. Por outro lado, também dou razão ao Stallman e aos demais entusiastas, por desejarem dispor de um sistema totalmente livre, aberto e plenamente funcional, com 100% de sua base de código livre! Inclusive, considero isto um até mesmo aspecto crucial em relação a segurança, pois uma vez que não temos acesso ao código-fonte destes drivers, não teremos a menor noção das vulnerabilidades que poderemos estar a mercê!
Por isto que também prefiro a Intel, ao invés de AMD e nVidia… &;-D