Lembro-me como se fosse ontem! Na faculdade, um velho amigo me enviou um convite para testar o novo serviço de e-mail do Google, que na época causou um enorme espanto por oferecer incríveis 1 gigabytes de armazenamento (em geral, os demais concorrentes ofereciam de 5 a 10 megabytes)! E se não bastasse o grande espaço disponível, ele ainda era dotado de uma interface WEB que se destacava por ser rápida e fluída, graças ao fato da engine do serviços ter sido desenvolvida com o uso de tecnologias WEB batizadas de AJAX (Java Script + XML). Sim, caso muitos não saibam, o Gmail foi lançado em “primeiro de abril”…
“When Gmail launched with a goofy press release 20 years ago today, many assumed it was a hoax. The service promised a gargantuan 1 gigabyte of storage, an excessive quantity in an era of 15-megabyte inboxes. It claimed to be completely free at a time when many inboxes were paid. And then there was the date: the service was announced on April Fools’ Day, portending some kind of prank. But soon, invites to Gmail’s very real beta started going out…”
— by The Verge.
A partir de então, já não precisavamos mais deletar os antigos e-mails para liberar espaço para a chegada de novos e-mails, como também se tornou mais fácil gerenciar a grande quantidade de mensagens graças aos recursos que foram introduzidos gradualmente pelo Google. A começar pela busca, localizar um e-mail antigo se tornou algo relativamente fácil e rápido, graças a engine de buscas integrada do próprio Google, combinado com a leveza e rapidez que a interface WEB proporcionava. A seguir, podíamos marcá-los com etiquetas e assim, criar um sistema de classificação com base em nossos critérios pessoais!
A partir do surgimento do Gmail, os spams já estavam com os dias contados. O Google adicionou um eficiente sistema de filtragem anti-spam, que praticamente eliminou o terrível problema de mensagens indesejadas, que além de incomodar bastante os usuários, também consumiam um espaço de armazenamento considerável. Ou nem tanto: com 1 gigabyte de armazenamento disponível, o espaço ocupado pelos spams já não trazia tantos problemas o quanto antes. Por fim, outros recursos foram sendo adicionados (prioridades de e-mail, respostas inteligentes, cartões de resumo e o botão para cancelar assinaturas de boletins informativos), tornando o serviço ainda mais poderoso e sofisticado.
Tão bom, que o Gmail praticamente não tinha mais concorrentes “sérios” e a sua popularidade chegou a tal ponto, que hoje são +1 bilhão de usuários espalhados no mundo inteiro! Embora as mudanças recentes tenham se tornado mais graduais e menos “extravagantes”, em vista da necessidade de estabelecer (e manter) a sua confiabilidade (pois o e-mail se tornou um serviço essencial tanto para o uso pessoal quanto corporativo), o serviço continua evoluindo e trazendo novidades interessantes, ao passo que também se deu ao luxo de remover recursos e funcionalidades que deixaram de ser importantes, como a antiga interface WEB em “puro HTML”, voltada para dispositivos obsoletos e dotados de recursos limitados.
O Gmail foi o meu terceiro serviço de e-mail público (antes dele, já tive contas no BOL e no Yahoo!) e também foi o que mais usei ao longo dos anos. Porém, em vista das críticas que a empresa recebia em relação a privacidade (pois ela se baseava no conteúdo das mensagens para direcionar propagandas personalizadas), deixei de usá-lo e passei a adotar soluções privadas: contratei provedores de hospedagem e criei meus próprios domínios (linuxhome.eti.br e darkstar.eti.br). Mas confesso que esta transição não foi fácil: além de ter que lidar com as interfaces confusas dos softwares oferecidos pelos provedores, ainda tinha que administrar as regras anti-spam e gerenciar o espaço ocupado pelas mensagens.
Mesmo assim, não quero voltar tão cedo para os serviços de e-mails públicos… &;-D