Fãs do sistema operacional Linux e entusiastas do Software Livre, são popularmente conhecidos por “odiarem” a Microsoft, uma empresa que conquistou o seu espaço no mercado de Tecnologia, por basear os seus negócios na venda de licenças para o uso de softwares proprietários. E isto se deve especialmente pelo fato das distribuições GNU/Linux se popularizarem, como uma solução viável ao software proprietário lá no início dos anos 2000. Então, a Microsoft foi uma das primeiras empresas a posicionar-se ferozmente contra o Linux e de tabela, o Software Livre…
A Microsoft já era conhecida por práticas desleais contra a concorrência, como as limitações impostas ao Windows para não funcionar em sistemas que não fossem o MS-DOS (o DR-DOS era um forte concorrente na época e entregava um sistema sob muitos aspectos, superior ao da Microsoft). Outra bastante conhecida foi a famosa Guerra dos navegadores, por integrar o Internet Explorer ao sistema operacional (“forçando” os usuários leigos a usá-los por padrão), além de não aderir aos padrões de desenvolvimento WEB vigentes na época, obrigando os criadores de sites a criar páginas WEB que só funcionavam no “IÊca” (por dominar +90% do mercado). Por fim, a adoção da estratégia 3E (embrace, extend and extinguish), para eliminar a concorrência, tornando os seus produtos incompatíveis com os delas, ainda que os mesmos se baseiem em especificações abertas (como o TCP/IP e o formato ODF).
Quanto ao Linux, tais práticas foram inúmeras! Dentre as mais famosas, as propagandas “Get the Facts” baseadas em FUDs (Fear Uncertainty and Doubt) contra o Linux ganharam destaque, na qual consistia em atemorizar os consumidores quanto ao uso deste sistema, com o objetivo de manchar a sua reputação e assim, desmotivá-los a migrarem para o novo sistema. As patentes de softwares também causaram um enorme prejuízo para a imagem do sistema, uma vez que a Microsoft ameaçava processar usuários e empresas que fizessem o uso deles, declarando que o Linux “viola patentes” e que se tornou “um câncer da propriedade intelectual”. Por fim, até mesmo sobrou para o Secure Boot, um mecanismo de segurança implementado no firmware UEFI, o qual só permitia a instalação de sistemas “confiáveis” (privilegiando a Microsoft, pois as chaves criptográficas eram integradas “de fábrica”).
A Microsoft, que já era vista no mercado como uma empresa anti-ética, para os entusiastas e aficcionados do Software Livre (nos quais incluem a maior parte dos linuxers) ela praticamente se tornou uma espécie de “entidade do mal”! E isto não só se deu pelas suas práticas desleais, mas também pelo fato dela atacar aquilo que estas pessoas mais amavam: o Software Livre como filosofia de vida! Para a Microsoft, os linuxers e simpatizantes eram caracterizados como “comunistas”, “terroristas” e “um bando de ladrões”, ganhando assim não só o ódio e desprezo desta comunidade, como também da opinião pública em geral. Na prática, tais declarações foram um verdadeiro tiro no pé, pois a partir de então o Software Livre passou a ser visto com mais simpatia e Steve Ballmer (CEO na época e autor das infames declarações), ridicularizado.
Os anos se passaram e o Software Livre conquistou o seu espaço e durante esse período, vimos uma Microsoft se curvar ao Linux, deixando de ser inimiga – acreditem ou não – para se tornar uma de suas maiores colaboradoras! Atualmente, ela faz parte do seleto grupo de empresas e instituições parceiras da Linux Foundation, colabora para o desenvolvimento do kernel Linux (embora tais códigos sejam voltados para evitar problemas judiciais, além do suporte aos seus produtos), desenvolve uma distribuição Linux otimizada para infraestrutura de redes (Azure Cloud Linux), mantém um navegador WEB baseado em Software Livre (Edge/Chromium) e por fim, integra todo um subsistema baseado no kernel Linux “dentro” do próprio Windows!
Como diz o velho ditado popular: “se você não pode vencer o seu inimigo, junte-se a ele”. A “nova” Microsoft, sem as lideranças de Bill Gates e Steve Ballmer (os principais CEOs que se posicionaram ferozmente contra o Linux) e sob a batuta de Satya Nadella, está com uma visão de mercado mais alinhada ao Software Livre e suas filosofias, chegando até mesmo ao ponto do seu atual líder declarar que “ela ama o Linux”! Mas ainda assim, na ótica dos entusiastas do Software Livre (especialmente linuxers) a Microsoft continua sendo clássica gigante que todos conhecemos: grande, voraz, agressiva, anti-ética e monopolista, embora dotada de novas estratégias e visões de mercado.
Por isso, as suas práticas e ações não serão esquecidas tão cedo… &;-D