Na minha opinião, o smartphone Nokia N8 foi o dispositivo que marcou toda uma nova era (apesar de não ser reconhecido sob este aspecto), ao oferecer uma câmera fotográfica decente para o uso em smarphones. Ele era dotado de um sensor com incríveis 1/1.83″ (que era maior que as câmeras fotográficas digitais da época) e entregava uma resolução de 12 megapixel, a qual era considerada a definição ideal, para atender as necessidades dos seus usuários. Tão bom, que até hoje me arrependo amargamente de não tê-lo comprado…
“Samsung Electronics, a world leader in advanced semiconductor technology, today introduced the ISOCELL HP1, the industry’s first 200-megapixel (MP) image sensor with 0.64μm pixels, and ISOCELL GN5, the first image sensor to adopt all-directional focusing Dual Pixel Pro technology with two photodiodes in a single 1.0μm pixel.”
— by Samsung Newsroom.
A partir de então, iniciou-se a “corrida dos megapixels”, na qual os fabricantes de componentes para câmeras de celular passaram a “estocar” pixels em diminutos sensores, aumentando a resolução do dispositivo; porém, tal prática acabava reduzindo consideravelmente o tamanho dos pixels, o que também degrada a qualidade final da imagem (quanto menor o pixel, menor será a sua capacidade de capturar a luz). Mas como todos já sabem, são os “números enormes” os que realmente importam, na cabecinha do usuário leigo (e ignorante)!
Por isto, NÃO fiquei impressionado pela Samsung ter anunciado o lançamento do sensor ISOCELL de 200 megapixels, para equipar os futuros smartphones da empresa! Batizado de HP1, ele possui pixels com dimensão de 0.64μm, o qual é considerado um valor bem abaixo dos 1.2μm, que por sua vez é considerado o mínimo necessário para a boa performance, em condições ideais. Só para se ter uma idéia, o iPhone 12 possui um sensor com “modestos” 12 megapixels e tamanho de 1/3.6″, dotado de pixels com o tamanho de 1.4μm. Quanto a qualidade das imagens que o dispositivo captura, nem preciso comentar…
Por outro lado, confesso que gostei do sensor ISOCELL de 50 megapixels, lançado neste mesmo dia. Apesar de utilizar uma resolução 4x menor, ele entrega pixels com tamanhos de 1.0μm, que apesar de ainda estar abaixo do valor convencionado, ele certamente irá prover uma melhor captura de luz e assim, melhorar a qualidade geral da imagem. Em geral, os equipamentos com sensores de altíssima definição que “abusam” da quantidade de pixels em detrimento ao seu tamanho, acabam integrando recursos técnicos para melhorar a qualidade geral da imagem e assim, compensar as suas deficiências.
Por exemplo, a própria Samsung anuncia uma tecnologia que visa combinar múltiplos pixels do sensor HP1 (200 megapixels), para formar uma espécie de “supersensor de 2.56μm” e assim, ter a capacidade de tirar fotos de 12.5 megapixels em ambientes com baixa iluminação (à noite). Sob este aspecto, não seria mais simples empregar um sensor tradicional de menor resolução, com pixels maiores e retroiluminados, para tirar fotos de qualidade nestas condições? Afinal de contas, para que todos esses megapixels, se na prática serei obrigado a reduzir o tamanho da imagem, para favorecer a qualidade?
Por isso é que a Apple continua tirando onda com a concorrência… &;-D