Seagate faz uma bela demonstração da tecnologia NVME para… HDDs?

Um dos aspectos mais interessantes dos primeiros SSDs que surgiram no mercado, era a velocidade: eles tinham taxas de transferências bem mais lentas que os HDDs, embora oferecessem uma melhor performance geral. Explico: estas unidades possuem tempos de acesso +1000x menor que os HDDs, já que a sua construção é baseada em componentes totalmente eletrônicos! Por isto, para o uso em tarefas gerais como inicializar um sistema operacional ou carregar uma aplicação, eles deixavam os antigos HDDs “comendo poeira”, já que estas tarefas exigiram a leitura de dezenas a centenas de arquivos pequenos…

“Seagate is demonstrating the industry’s first native NVMe hard disk drive (HDD) at the OCP Global Summit this week, illustrating and confirming the viability of the NVMe (Non-Volatile Memory Express) protocol on HDDs. The implementation provides integrated NVMe protocol support within the HDD controller itself and requires no bridge. The goal is to pave the way for a seamless consolidated NVMe interface across HDDs and SSDs.”

— by Seagate blog.

Com a evolução dos controladores e da tecnologia de fabricação das memórias flash, além da implementação do NVMe (um protocolo de acesso otimizado para extrair o máximo de desempenho dos SSDs), eles também passaram a superar (e com larga folga) os HDs nas taxas de transferência e assim, se consolidaram como as principais unidades de armazenamento do mercado, tornando os HDs obsoletos. Só que não: na OCP Global Summit deste ano, a Seagate realizou a primeira demonstração do uso de HDDs, com suporte nativo ao protocolo NVMe!

Isso mesmo: os HDDs não vão morrer (tão cedo)! A Seagate tem como objetivo, mostrar a viabilidade do protocolo NVMe (Non-Volatile Memory Express) em HDDs, utilizando uma implementação que fornece suporte a este protocolo integrado diretamente no controlador destas unidades e não através de uma ponte externa. Assim, seria possível dispor de uma interface de acesso padrão, para que possa ser utilizada tanto para SSDs quanto para HDDs, de forma simplificada (menos camada de tradução para acessar a ambos os dispositivos). Obviamente, não veremos estas tecnologias sendo usadas em PCs desktops ou notebooks…

A idéia é utilizar estas unidades instaladas em gabinetes em formato U, os quais são designados para serem montados em racks, possibilitando construir sistemas de armazenamento mais simples, flexíveis e baratos, além de combinar os recursos de ambos os sistemas de armazenamento. Conforme descrito pela Seagate, as principais vantagens oferecidas são: a contagem de componentes reduzida, pilha simplificada de drivers SAS/SATA proprietários, o suporte nativo para HDDs multi-atuadores, a disposição de conectores de alto volume e APIs de gerenciamento comuns via Redfish (suíte de especificações designadas para prover um padrão de acesso para a API RESTful).

Apesar de admirar os SSDs em vista da sua construção sem componentes mecânicos, pessoalmente já estava com um “pé atrás” em relação as novas unidades, as quais oferecem uma maior capacidade de armazenamento através do uso de tecnologias como a QLC e a PLC, em detrimento da qualidade por causa da pouca durabilidade destas memórias flash. Por isso, acredito que as soluções híbridas são até mais interessantes, por combinarem pouca quantidade de armazenamento nos SSDs (mas utilizando células SLC ou MLC para o alto desempenho), ao mesmo tempo que utiliza os tradicionais HDDs (para uma maior capacidade de armazenamento). Uma pena que tais soluções só serão encontradas em servidores e datacenters!

Confesso que bateu saudade dos “cliques” dos antigos HDDs… &;-D