Ambos os sets de instruções utilizam arquiteturas baseadas em instruções RISC e por isto, possuem muitas similaridades. Mas devido as suas respectivas licenças, o ARM se mostra mais limitado em termos de flexibilidade (por ser proprietária), ao passo que o RISC-V é mais customizável e extensível (por ser de livre uso). Embora o mercado tenha a tendência de definir uma única arquitetura dominante, para ser suportado por toda a gama de sistemas operacionais, softwares e serviços, pessoalmente acredito que estas (e outras) ISAs possam coexistir…
“In almost every discussion about RISC-V’s position in the ecosystem, the instruction set architecture (ISA) is often seen as a direct competitor to Arm. Most people view the two ISAs as being engaged in a winner-take-all, zero-sum contest, where only one can prevail. However, we believe that, at least for the foreseeable future, the industry will witness a greater degree of mixing and matching. Both ISAs are likely to coexist side by side within increasingly heterogeneous chips.”
— by TechSpot.
O que eu não esperava, é vê-las trabalhando juntas! Eis, a posição de Jonathan Goldberg (fundador da D2D Advisory), escritor convidado pela TechSpot para prover a sua opinião em relação a (recente) disputa dos set de instruções ARM e RISC-V, pela supremacia no mercado de chips! Se antes, a tendência geral era consolidar uma única plataforma para não ser obrigado a duplicar os esforços necessários (para o desenvolvimento de softwares multiplataformas), a partir de agora o mercado irá promover novas soluções que utilizem ambas as ISAs “misturadas”, coexistindo lado-a-lado em uma simbiose que irá trazer vantagens para todos!
Isto se dá, em vista do fato de que ISAs não são exatamente softwares, embora elas forneçam as ferramentas de linguagem de baixo nível, para que os softwares de alto nível desenvolvidos possam todos os recursos oferecidos pela plataforma. Porém, o suporte para vários ISAs em alguns cenários acaba sendo algo indesejado, como a obrigação de utilizar vários conjuntos de ferramentas, bem como a necessidade de dispor de conhecimentos especializados. Por isto, adotar chips híbridos (que utilizam tanto os set de instruções ARM e RISC-V), acaba sendo benéfico tanto para projetistas quanto para desenvolvedores!
Combinando as capacidades bem delineadas da ARM com a flexibilidade e customização do RISC-V, os projetistas poderão desenvolver produtos mais adequados para as suas necessidades. E isto já está acontecendo: segundo Goldbert, os processadores das séries A e M da Apple, bem como as TPUs do Google, parecem incorporar ambos os núcleos! Inclusive, esta tendência também é evidente para outros fabricantes de chips, pois uma breve entrevista a um designer especializado em soluções para o mercado de IoT, declarou que “usa os dois”, em vista das vantagens superar os custos iniciais para a utilização de arquiteturas híbridas.
Até então, imaginava um novo mundo onde as linguagens de programação, bem como as suas bibliotecas, frameworks e APIs, se tornariam mais flexíveis e versáteis no que concerne ao desenvolvimento de softwares, que não só suportassem os diferentes sistemas operacionais, mas também os variados sets de instruções e arquiteturas de processadores! Na prática, acreditava que teríamos apenas 3 ISAs dominantes (x86, ARM e RISC-V) em seus respectivos mercados (alta performance, dispositivos móveis e IoT), mas que também se posicionassem como boas soluções alternativas para os demais mercados, tal como já acontece atualmente.
Ao menos, teremos um único sistema operacional universal (de fato)… &;-D