Isto pode parecer uma daquelas típicas pegadinhas de primeiro de abril (dia da mentira), mas na prática não é: a Western Digital afirma que o seu mais novo produto (o SSD SN5000S), utiliza memórias flash NAND QLCs e é capaz de suportar até 600 terabytes de dados gravados (TBW), ao passo que o modelo anterior (o SSD SN740) suporta apenas 500 TBW. E se não bastasse a maior durabilidade, ela também alega que os novos SSDs QLCs superam os antigos SSDs TLCs em +/- 16% em termos de performance, considerando as taxas de leitura e escrita…
“Western Digital’s latest SSD with QLC technology boasts better performance in both reads and writes than its TLC-based predecessor (via ComputerBase). The company’s newest SN5000S drive, despite using generally slow QLC NAND flash, is 16.5% faster in reads and 15.5% faster in writes compared to the TLC-based SN740. The PC SN5000S is Western Digital’s latest mainstream consumer SSD, available in the M.2 2280 “gumstick” and the small PC-compatible M.2 2230 form factors, with up to 2TB of storage. It essentially replaces the PC SN740 series, which is offered in the same capacities and form factors.”
— by Tom’s Hardware.
Há tempos, os fabricantes de memórias flash NAND QLCs tem investido em diversas inovações tecnológicas, além de melhorias relacionadas aos processos de fabricação e adoção de melhores estratégias de uso, para o aperfeiçoamento dos SSDs baseados nestas memórias. Ainda assim, as memórias flash NAND TLCs ainda apresentam números superiores em relação a performance e durabilidade, em virtude das próprias características relacionadas ao seu tipo e por isto, olho com uma certa “desconfiança” para as declarações desta empresa. Porém, esta notícia se tornou particularmente interessante, em vista dos “macetes” empregados para tornar os SSDs QLCs tão ou mais duráveis (que os SSDs TLCs)!
Dentre eles, está a utilização parcial das células QLCs, utilizando apenas alguns bits para a gravação dos dados e assim, melhorar a performance e a durabilidade dos SSDs, fazendo-os se comportarem como “pseudo-SLCs”. No entanto, esta estratégia só funciona em células completamente vazias, o que a torna menos sustentável, em vista da necessidade de gravar os dados em menos células. Além disso, a maioria destas unidades acabam adotando uma pequena porção de memórias flash NAND SLC para funcionarem como cache e assim, reduzir as cargas de trabalho em cima das (frágeis) memórias NAND QLC.
Por fim, vale lembrar que as necessidades dos usuários são bem distintas, se comparadas com as exigência do uso corporativo: como eles não precisam do melhor desempenho ou maior resistência e geralmente priorizam a maior capacidade de armazenamento, o QLC se torna a solução mais econômica para o público em geral, ao passo que durabilidade e a alta performance e a são requisitos indispensáveis para estações de trabalho e servidore que tiram o máximo proveito destas particularidades. Além do mais, o fato de realizarem leituras e gravações de forma menos intensiva, também acabam minimizando as deficiências dos SSDs QLCs.
Então, deveríamos (mais uma vez) rever os nossos conceitos em relação aos SSDs baseados em memória flash NAND QLCs? Embora continue preferindo os tradicionais SSDs TLCs, a partir de agora pretendo observar com mais atenção os lançamentos dos novos produtos, baseados nesta classe de memórias flash NAND. Inclusive, posso até mesmo optar pela aquisição destas novas unidades, desde que não sejam voltadas para tarefas importantes como o armazenamento de dados sensíveis e outras informações importantes. Inclusive, o meu próximo PC desktop estava sendo projetado para dispor de duas unidades de armazenamento, como um SSD e um HDD. Porquê não, optar por um SSD TLC combinado com outro SSD QLC?
De qualquer forma, continuarem com os bons e velhos SSDs TLCs… &;-D