Tal como cães e gatos, o Windows e o Linux não podem ser instalados…

… em um mesmo PC desktop? Depende. Embora seja tecnicamente possível, na prática nem sempre esta opção é viável, em vista da Microsoft não facilitar a vida daqueles que pretendem utilizar ambos os sistemas, no mesmo equipamento. E as experiências negativas podem variar de usuário para usuário, onde existem casos em que eles até conseguem “conviver pacificamente” (como é o meu caso, por incrível que pareça), ao passo que há outros em que simplesmente não dá…

“On paper, dual-booting Windows and a Linux install of your choice seems like you’re getting the best of both worlds. For months, I did exactly that in order to see what it would be like to daily drive Linux for as much work and play as possible, while keeping my Windows install in case I needed access to specific apps and games. Although I did enjoy the everyday experience of using Linux, dual-booting came with its own pitfalls that I really wasn’t prepared for.”

— by XDA Developers.

Ty Sherback (editor do XDA Developers) detalhou os desafios práticos do “dual-booting” (arranque duplo) entre Windows e Linux, destacando problemas que muitas vezes não são previamente observados. Ele explica que o Windows opera partindo do princípio que é o único sistema da máquina (algo que é de se esperar, por parte da Microsoft). Isto causa problemas imediatos, como a funcionalidade “Fast Startup”, que na verdade hiberna o kernel do Windows em vez de o desligar. Como resultado, a partição do Windows fica “bloqueada”, impedindo que o Linux a consiga montar para leitura ou escrita, o que frustra a partilha de ficheiros.

A partilha de armazenamento é outro obstáculo. Embora o Linux consiga ler o sistema de ficheiros NTFS do Windows, isto pode exigir a instalação de drivers adicionais ou configurações complexas, especialmente em distribuições “imutáveis”. Além disso, dores de cabeça com o Secure Boot são comuns. Embora muitas distribuições populares o suportem, outras exigem que o utilizador registe manualmente as chaves de segurança (MOK), um passo técnico que se torna um problema se o usuário precisar de manter o Secure Boot ativo (como é o caso de certos sistemas anti-trapaças para jogos no Windows).

Dentre os problemas mais persistentes, estão a dessincronização do tempo e a quebra do gestor de inicialização (GRUB). No primeiro caso, o relógio do sistema fica constantemente errado porque o Windows trata o relógio do hardware como hora local, ao passo que o Linux o trata como UTC, fazendo com que a hora mude sempre quando trocamos de sistema. Já no segundo caso, as grandes atualizações do Windows têm o “hábito” de reescrever a partição de inicialização (EFI) e apagar o GRUB (o menu de seleção do Linux), fazendo parecer que a instalação Linux desapareceu e forçando o utilizador a reparações manuais recorrentes.

Por fim, Sherback descreve o “dual-booting” como uma excelente experiência de aprendizagem sobre como os sistemas operacionais e o firmware interagem, mas considera-o um “ato de equilíbrio que nunca estabiliza”. Devido à manutenção constante e à forma como o Windows Update quebra ativamente a configuração, ele se deu conta de que o sistema estava sempre “no fio da navalha” e conclui que, para uma utilização séria e estável, ter um computador separado para o Linux é a “jogada mais inteligente” (utilizar dois sistemas de armazenamento também funciona).

Por isto, não é de se admirar que muitos linuxers “odeiam o Windows”… &;-D